Retórica do diálogo e cultura do medo
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 23/12/2005
As meninas de coletinhos de dinamite, que beijam os pais e explodem nos ônibus de Gaza, são comandadas por Bin Laden? Até onde o terrorismo é uma operação de guerrilha incessante e mundializada, fora dos grotões do mesmo comando e sua disciplina? Ou o que divisamos hoje é um gigantesco levante do inconsciente coletivo de nosso tempo, insubordinado com os preços do progresso a todo custo e a perda da alma de suas coletividades? Vamos ou não, afinal, entrar nas novas guerras de 100 anos, como prega o Salão Oval, diante da "cultura do medo", e de um mundo a perigo, de que as explosões de Madrid, ano passado, ou dos ônibus de Londres, nesses últimos meses, demonstram a permanência múltipla e generalizada? E como ignorar, nas montanhas do Paquistão o culto a Mohamed Ata, e a fotografia da sua passagem desafiante pelas roletas do aeroporto de Boston, a caminho da derrubada do World Trade Center?