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Artigos

  • De prender o vento

    Extra (RJ), em 23/10/2007

    Um estranho procurou o abade no mosteiro de Sceta. “Quero melhorar minha vida”, disse ele. “Mas não consigo deixar de pensar em coisas pecaminosas”. O abade Pastor reparou que ventava lá fora, e pediu ao estranho: “Aqui está muito quente. Será que o senhor podia pegar um pouco de vento de lá fora, e trazê-lo para refrescar esta sala?”. Isto é impossível”, disse o estranho. “Da mesma maneira, é impossível deixar de pensar em coisas que ofendam a Deus”, respondeu o abade: “Mas, se você souber dizer não às tentações, elas não vão lhe causar nenhum mal”.

  • A paixão pelo livro

    Folha de S. Paulo (SP), em 22/10/2007

    Acho que ele não conhecia a minha frase, porque o livro de bronze foi um engano, não é mesmo, caro Drummond?

  • O caminho da oração

    Extra (RJ), em 22/10/2007

    Para pensar com o coração. “Há algo mais importante que a oração?”, perguntou o discípulo ao seu mestre. Este pediu que o discípulo fosse até um arbusto mais próximo e cortasse um ramo. O discípulo, então obedeceu. “A árvore continua viva?”, perguntou o mestre. “Tão viva como antes”, respondeu o discípulo, sem entender a pergunta. “Então vá até lá e corte a raiz”, pediu o mestre. “Se eu fizer isto, a árvore morrerá”, disse o discípulo. “As orações são os ramos da árvore, cuja raiz se chama fé”, disse o mestre. Pode existir fé sem oração, mas não oração sem fé”.

  • Estas pequenas coisas

    Folha de S. Paulo (SP), em 21/10/2007

    RIO DE JANEIRO - Consumado (e assumido) espírito de porco, adoro remar contra a maré e embarcar em canoas furadas. Em matéria de cinema, por exemplo, acredito que seja o único a não gostar de "Quanto mais Quente Melhor", do Billy Wilder. Mas credito a ele duas obras-primas: no drama, o genial "Crepúsculo dos Deuses"; na comédia, o melhor filme italiano feito fora da Itália, "Avanti". Quanto mais o tempo passa, mais gosto de Billy Wilder.

  • Was für ein Lügner!

    O Estado de S. Paulo (SP), em 21/10/2007

    Não sei por que, algo me diz que a frase acima ("que mentiroso!", em alemão) será das mais proferidas entre alguns círculos intelectuais de Berlim, nas próximas três semanas, ou coisa assim. Hoje embarco para lá, onde devo passar uns 20 dias. (Receio que nenhum de vocês possa comemorar o fato, porque, a não ser que meu bravo quão idoso notebook negue fogo, pretendo mandar a coluna a partir de lá, não contavam com a minha astúcia.) Como sempre, nessas ocasiões, não sei bem para o que me convidaram e o que vou fazer, mas, apesar de inicialmente atarantado, acabo por não envergonhar Itaparica e os amigos, digo lá minhas coisinhas em que eles prestam atenção.

  • A Fapesp e as duas culturas

    O Estado de S. Paulo (SP), em 21/10/2007

    O significado originário da palavra ciência (do latim scientia) é conhecimento. Até o século 19 a dicotomia cultura científica/cultura das humanidades não era de curso corrente nessa matéria. O grande mapa do conhecimento do século 18 - o das luzes e da razão -, a Enciclopédia, não foi estruturado em torno da divisão ciências/humanidades. Data do Romantismo e da Revolução Industrial, no século 19, a ansiedade relativa à separação entre as ciências exatas e as ciências humanas. Provém do impacto do conhecimento científico-tecnológico no funcionamento das sociedades. Deriva da preocupação que o cálculo e a mensuração, inerentes ao método científico, poderia abafar o cultivo da personalidade e da sensibilidade que as humanidades propiciam. Por isso o tema se desdobrou em discussões sobre os currículos escolares e o papel da educação, e no debate público separou os defensores das exatas e das humanidades, os românticos dos utilitários.

  • Os velhos comunistas

    O Globo (RJ), em 20/10/2007

    Este 25 de outubro marca o nonagésimo aniversário da Revolução Russa de 1917. Uma data que certamente será evocada em todo o mundo: a Revolução de Outubro, como ficou conhecida (ainda que pelo antigo calendário russo tivesse ocorrido em novembro) marcou o século XX.

  • Perdão

    Extra (RJ), em 20/10/2007

    Chu Lai era agredido por um guarda que não acreditava em nada do que ele dizia. Entretanto, a mulher do guarda era seguidora de Chu Lai e exigiu que seu marido fosse pedir perdão ao sábio. Contrariado, o guarda foi até o mestre e murmurou suas desculpas. “Eu não o perdôo. Volte ao trabalho”, disse Chu Lai. A mulher ficou horrorizada: “Meu marido se humilhou, e o senhor, que se diz sábio, não foi generoso”. “Se ele não está arrependido, é melhor reconhecer que tem raiva de mim. Aceitar seu perdão criaria uma falsa situação de harmonia e isso aumentaria ainda mais a raiva dele”, explicou o mestre.

  • Paulo Autran

    Folha de S. Paulo (SP), em 19/10/2007

    SÃO LUÍS do Maranhão, uma das cidades mais antigas do país e onde está preservado o maior conjunto da arquitetura colonial portuguesa, tinha no teatro uma devoção cultural. Basta dizer que a igreja de Nossa Senhora da Luz foi inaugurada, em 1617, com uma representação teatral, diálogos compostos pelo padre Luís Figueira, um dos mártires jesuítas da evangelização da Amazônia.

  • Aprendiz feliz

    Jornal do Commercio (PE), em 19/10/2007

    O Brasil ainda sofre críticas internacionais em virtude da complacência com relação ao trabalho infantil. São inúmeros os exemplos de transgressão ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe menores de exercer atividades reservadas aos adultos, com um pormenor que agrava a situação: em muitos casos são exercícios poluentes, como é registrado nas minas de carvão, sobretudo no Nordeste do país. Não há pulmão que saia ileso dessa prática.

  • Árvores e humildades

    Extra (RJ), em 19/10/2007

    Um mestre budista viajava a pé acompanhado pelos seus discípulos, quando reparou que eles discutiam entre si quem era o maior deles. “Pratico meditação há 15 anos”, disse um deles. “Faço caridade desde que saí da casa de meus pais”, falou outro. “Sempre segui os bons ensinamentos de Buda”, contou um terceiro discípulo. Ao meio-dia, todos juntos pararam debaixo de uma macieira para descansar por um tempo. Os galhos estavam carregados e vergavam até o chão com o peso das frutas que já pareciam maduras. Então o mestre falou: “Quando uma árvore está carregada de frutos, seus ramos se abaixam e tocam o chão. Desta maneira, o verdadeiro sábio é aquele que é humilde e age como se fosse uma árvore. Quando uma árvore não tem os seus frutos, seus ramos são arrogantes e altivos, mas ela está vazia nesse momento. Desta maneira, o tolo sempre se crê maior que seu próximo”.

  • Tempo de paradas

    Folha de S. Paulo (SP), em 18/10/2007

    RIO DE JANEIRO - Simultâneas, com vários significados e diferentes interpretações, o Rio teve no último domingo as paradas gay e a da vaca, esta última em sua versão erudita, "cow parade", combinando com o "gay", que me parece já estar dicionarizado como palavra nacionalizada e indolor aos ouvidos dos puristas mais radicais da nossa língua.

  • Deus está em tudo

    Extra (RJ), em 18/10/2007

    No Bragavad-Gita, o guerreiro Arjuna pergunta ao Senhor Iluminado: “Quem és?”. Em vez de responder “Sou isso”, Krishna fala das coisas do mundo. Arjuna passa a ver a face de Deus em tudo que o cerca. E nós? Embora criados à imagem e semelhança do Altíssimo, tentamos nos fechar num bloco de coerências, certezas, opiniões. Não entendemos que estamos nas flores, nas montanhas, nas coisas que vemos em nosso caminho. Esquecemos que o sangue dos antepassados corre em nossas veias. Raramente pensamos que viemos de um mistério, o nascimento, e caminhamos para outro, a morte.

  • Agora, às tropas de Chávez

    Jornal do Commercio (RJ), em 18/10/2007

    Chávez acaba de anunciar o apoio militar, incontinente, a Morales caso se desfeche a ofensiva do status quo boliviano contra o Presidente. O quadro de tensão só se fez agravar nestes últimos meses no país andino, entre as forças nacionalistas, hoje, no governo e a resistência das áreas mais ricas do país, em volta de Santa Cruz, no modelo mais clássico do neoliberalismo. O fantasma desde a vitória de Morales, era o do possível racha, de fato, da Bolívia com a criação do Estado do Oriente, deixando o Altiplano e a nação indígena do possível país aymara.