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Artigos

  • A festa das bruxas

    Zero Hora (RS), em 31/10/2010

    Festa é festa, e festa deveria ser sempre bem-vinda, mas muita gente não gosta do Halloween. Em primeiro lugar, porque é basicamente coisa de americano; não faz, ou não fazia, parte de nossa cultura. Depois, porque é a festa das bruxas, um resíduo do paganismo celta. Mas a influência americana está presente em nosso cotidiano, indo dos anglicismos ao McDonalds; e a evocação das bruxas a rigor não envolve uma crença, é muito mais uma gozação. Aliás, fazer brincadeiras com coisas misteriosas ou amedrontadoras é um jeito de controlar nossa ansiedade, como se vê no México, no Dia de Finados ali as calaveras, esqueletos feitos de açúcar, fazem parte do folclore. A propósito, não deixa de ser curioso o fato de que o termo Halloween venha de All-Hallows-Even (evening), referindo-se à noite que precede o Dia de Todos os Santos, este, por sua vez, antecedendo Finados. Ou seja, uma tríade significativa, que nos fala de bruxaria, de fé cristã e da morte.

  • A qualidade é possível

    Jornal do Commercio (RJ), em 29/10/2010

    Convém prestar atenção a certos fenômenos (sim, são fenômenos) que ocorrem na educação brasileira. Quando se discute tanto a necessidade da sua qualidade, especialmente no ensino público, temos dois exemplos positivos a considerar, ambos relacionados à Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

  • Um Senado sem Tuma

    Folha de São Paulo, em 29/10/2010

    O Senado, dizia Milton Campos, é uma Casa em que, além da convivência política, por sermos poucos e passarmos muitos anos juntos, se criam relações de amizade e de afeto que muitas vezes se transformam quase em irmandade.

  • Tá chegando a hora

    Folha de São Paulo, em 28/10/2010

    Não esqueço o último programa feito para a TV pelo ex-presidente Figueiredo. Era, na forma e no conteúdo, a prestação de contas do que ele havia feito e conseguido em seu longo mandato. Não me refiro àquela entrevista pessoal que concedeu ao Alexandre Garcia, pedindo que o esquecessem — um pedido ocioso, pois seria esquecido mesmo.

  • Iberidade

    Diário de Pernambuco, em 27/10/2010

    O ensaio é um gênero literário desde Montaigne. No Brasil o ensaísmo literário une-se ao filosófico em Tobias Barreto, patrono de uma das Cadeiras da Academia Brasileira de Letras, e ao sociológico em Silvio Romero, um dos seus fundadores. Vamireh Chacon, mesmo com formação universitária de doutoramento no Brasil e na Alemanha e pós-doutoramento nos Estados Unidos, permaneceu fiel às origens ibéricas, em meio às influências germânicas da Escola do Recife na Faculdade de Direito de Pernambuco, e norte-americanas de Gilberto Freyre em Apipucos. Foi Ortega y Gasset quem começou a revelar o pensamento hispânico e o alemão à geração de Eduardo Portella, Nelson Saldanha e Vamireh Chacon, e para a anterior, a de Hélio Jaguaribe e Cândido Mendes, no Nordeste e outras partes do Brasil.

  • Adeus, Maria Candelária

    Zero Hora (RS), em 26/10/2010

    Numa época, fez grande sucesso no Brasil a marchinha carnavalesca, do compositor Blecaute, que falava de uma certa Maria Candelária. Quem era? “É alta funcionária”, informava a letra, acrescentando que Maria Candelária tinha entrado no serviço público “de paraquedas”, ou seja, por algum favor político. A seguir, entrava em detalhes sobre a atividade da Maria Candelária, que “trabalhava de fazer dó”. O expediente começava ao meio-dia; à uma da tarde Maria Candelária ia ao dentista, às duas, ia ao café, às três à modista; às quatro assinava o ponto e dava no pé. Concluía Blecaute: “Que grande vigarista que ela é”.

  • A campanha eleitoral na ilha

    O Globo, em 24/10/2010

    Em Itaparica, não se pode dizer que o clima político está muito animado. O itaparicano, como sempre, permanece atento ao panorama nacional, mas os outrora inflamados debates que ocorriam no bar de Espanha deram lugar a considerações de outra ordem. O dr. Serra ficou em terceirão nos dois municípios que compõem a ilha, mas ninguém comenta muito o fato, pois, como observou Xepa, não convém tripudiar, ainda mais que tem segundo turno e nunca se sabe o que pode acontecer, tudo neste mundo é possível. De repente o homem se elege e aí vem tomar satisfações, já basta ele ter levado essa surra no primeiro turno, vamos respeitar a cabeça inchada alheia.

  • O casal em viagem

    Zero Hora (RS), em 24/10/2010

    No avião em que voltamos de Paris, viajava, atrás de nós, um jovem casal. Que batia boca ferozmente. Não cheguei a descobrir por que discutiam tanto, mas a cena lembrou-me do comentário de uma amiga que uma vez me disse algo surpreendente. Em viagem, marido e mulher sempre brigam, garantiu ela.

  • Que pena!

    Folha de São Paulo, em 24/10/2010

    Não dá para entender. Montado em 81% de aprovação popular, com sua candidata Dilma abrindo vantagem nas pesquisas para a decisão do segundo turno, Lula abdicou do seu dever de presidente de todos os brasileiros.

  • As profissões do futuro

    Jornal do Commmercio (RJ), em 22/10/2010

    Louvável a iniciativa de Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE/SP, ao lançar mais uma vez o livro “Profissões”, em versão completamente atualizada. Trata-se de um guia para ajudar os jovens estudantes na escolha da carreira, que hoje apresenta nuances  jamais sonhadas.

  • O quê, depois do debate sonâmbulo?

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/10/2010

    No debate da Rede TV os candidatos não se repetiram, apenas. Não se deram conta, sonambulamente, de que os julgaria. Perguntavam, como se fosse de primeira vez, aborreciam-se e invectivavam, numa repetição convincente. Mais ainda, transpunham uma resposta à outra, numa atenção desfocada. Não se trata, apenas, de mornidão, conhecida pela platéia, mas do automatismo de um discurso sem ouvidos.

  • Tiririca e suas dúvidas

    Folha de São Paulo, em 22/10/2010

    Não é tão simples assim a análise do caso Tiririca, que está oscilando entre o jocoso e o jurídico. A verdade é que há várias implicações gramaticais e pedagógicas envolvidas nessa difícil definição de analfabeto. 

  • Sabedoria política

    Jornal do Commercio (RJ), em 21/10/2010

    Gosto de citar um personagem de Dickens que condensa grande parte da sabedoria política de todos os tempos, modos e lugares. Trata-se de Pickwick, espécie de moralista quixotesco que, sem saber, muitas vezes parecia um cínico em disponibilidade. Tinha discípulos que eram quase apóstolos, nada faziam sem consultar o mestre. Um dia, perguntaram-lhe o que deveriam fazer quando encontrassem uma multidão gritando uma causa - qualquer causa. Pickwick respondeu: 'Gritem com a multidão'.

  • Direita e esquerda

    Jornal do Commercio (RJ), em 19/10/2010

    Não ser da direita nem da esquerda, nem mesmo do centro, tem suas vantagens, apesar da solidão e dos ataques que se recebe de todos os lados. Assumindo atitudes e pensamentos ora da direita, ora da esquerda, ora do centro, por isso ou por aquilo, conhece-se cada lado ideológico, político e comportamental, suas contradições, seus oportunismos e, frequentes vezes, sua idiotice.

  • Joaquim Nabuco e Balmaceda

    O Estado de São Paulo, em 19/10/2010

    Ao encerrarmos as celebrações do Ano Nacional Joaquim Nabuco, podemos dizer com toda a convicção que Nabuco continua com uma agenda extremamente atual. Embora seja uma de suas obras menos celebradas, Balmaceda, muito mais que um simples ensaio ou uma arguta análise política, é uma síntese extraordinária das preocupações do autor – quase uma antevisão sobre o destino e os riscos que poderia correr o Brasil sob a República, então recém-proclamada.