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Artigos

  • O Farol de Capão da Canoa

    Zero Hora (RS), em 18/01/2009

    No começo do século passado, viajar para a praia era uma aventura demorada e não isenta de riscos. As pessoas iam de carreta, em parte por causa da enorme bagagem (a viagem era uma verdadeira mudança), mas sobretudo porque não havia outro meio de transporte. Na minha infância já se podia contar com linhas regulares de ônibus, mas a viagem ainda durava cinco horas, boa parte dela feita pela orla marítima, onde a probabilidade de atolar não era pequena. Mas a nós isso pouco importava. Capão da Canoa, para onde íamos uma vez por ano e por curta temporada, era um território de sonho, e à medida que dali nos aproximávamos crescia nossa excitação. O grande momento ocorria quando, do ônibus, avistávamos o farol.

  • Um espectro brasileiro

    Zero Hora (RS), em 17/01/2009

    A febre amarela não é originalmente uma doença brasileira. Mas depois que foi introduzida em nosso país encontrou aqui condições quase ideais: as matas com seus mosquitos, as cidades com suas más condições de higiene facilitando a proliferação de focos de insetos. Logo a febre amarela tornava-se epidêmica, com milhares de casos e um número elevado de óbitos, sobretudo na época em que os cuidados hospitalares também eram precários. Ocorreram episódios sombrios, como aquele do navio-escola italiano que veio para o Rio. Quase todos os marinheiros, centenas deles, adoeceram, e a mortalidade foi elevada, em torno de 80%.

  • Uma rosa amarela

    Jornal do Brasil (RJ), em 16/01/2009

    Sempre o mês de janeiro foi um tempo light. Período de férias, recuperador de forças, esperança e alegria, pernas para o ar que ninguém é de ferro, sol e maresia, mulheres com seu corpo exposto às caricias do sol, liberto das roupas e dos arrependimentos. A mídia sem notícias, recorre-se apenas aos desastres nas rodovias ou crimes inusitados. Até os anúncios fogem.

  • O rosto e a luta

    Folha de S. Paulo (SP), em 15/01/2009

    RIO DE JANEIRO - Cena de um desenho animado visto na TV: milionário desmiolado candidata- se a prefeito de sua cidade. Em casa, diante do filho, diz que se apresentará ao eleitorado de forma transparente, sem enfeites nem disfarces, mostrando-se tal como é. Num gesto teatral, arranca a peruca para jogá-la no lixo. Apatetado, o filho comenta: Mas pai, o senhor nunca usou peruca!. Com os cabelos na mão, o pai insiste: De hoje em diante, serei como sou!.

  • Um pouco de história

    Jornal do Commercio (RJ), em 13/01/2009

    Golda Meir, lendária primeira-ministra de Israel, por ocasião de uma das crises no Oriente Médio, declarou textualmente: “Prefiro receber mensagens de protesto do que mensagens de condolências”. Ela foi sacrificada após a Guerra do Yom Kipur, em 1973, quando tropas do Egito, aproveitando o dia santificado dos judeus, pela primeira vez chegaram perto de vencer Israel. Golda foi acusada de negligência, o país não podia sofrer aquela surpresa.

  • Missão e omissão

    Folha de S. Paulo (SP), em 11/01/2009

    Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a pesada consciência da comunidade internacional criou a Liga das Nações para que não mais se repetisse a carnificina, então a maior da história. Durou pouco a boa vontade e a liga nada ligou, ou não ligaram para ela. Veio outra guerra (1939-1945), muito maior e truculenta.

  • Os sais para a náusea

    Folha de S. Paulo (SP), em 09/01/2009

    Se fosse o finado Vinicius de Moraes, eu diria que vou contar uma historinha amarga. Na realidade, é uma fatia da vida, tal como ela se desenrola por aí, nos cantos impenetráveis do mundo. Deu nos jornais aqui do Rio, talvez tenha chegado até outros pagos, não importa. O personagem é o nosso velho conhecido: o homem. Vou contar o que posso, eliminando os detalhes escabrosos.

  • Maysa e os Blochs

    Folha de S. Paulo (SP), em 08/01/2009

    RIO DE JANEIRO - Não costumo comentar produtos da televisão, muito menos as novelas que estão no ar. Mas a minissérie sobre Maysa obrigou-me a uma reflexão: texto do como sempre excelente Manoel Carlos, ela está sendo dirigida por Jayme Monjardim, filho único da cantora. Quando superintendente da teledramaturgia da Rede Manchete, trabalhei com ele e fui testemunha do impacto provocado por ‘Pantanal’.

  • Esperando Obama e Godot

    Jornal do Brasil (RJ), em 07/01/2009

    Este fim de ano evidenciou o aluvião de conferências latino-americanas, repetindo a irrelevância de par com a descontração das lideranças, como, aliás, pedia o Sauípe baiano, no à vontade na praia da presidente Bachelet, ou o novo rosto cubano de um Raúl Castro, em bonomia e abertura de diálogo com a América de Obama.

  • Em primeiro lugar a nossa língua

    , em 07/01/2009

    Uma das originalidades do romance “O triste fim de Policarpo Quaresma”, do escritor carioca Lima Barreto, lançado em 1915, foi o seu firme desejo de trocar a língua portuguesa pelo tupi-guarani. Segundo ele, seria mais legítimo porque tinha tudo a ver com as nossas raízes, antes mesmo do Descobrimento do Brasil.

  • Senhor presidente

    Diário de Pernambuco (PE), em 06/01/2009

    Tive a intenção de evitar o uso de palavras que considero cansadas, com perda de substância, anêmicas porque esvaziadas na gastança do dizer, perdidas do viço da validade, ao saudar Ubiratan Aguiar, o novo presidente do TCU.

  • O gigante e o pigmeu

    Jornal do Commercio (RJ), em 06/01/2009

    Davi, um dos personagens mais importantes do Velho Testamento, e de cuja descendência nasceria o Messias, era um jovem pastor que derrotou Golias, o gigante filisteu, com uma simples funda. Qualquer guerra ou briga desproporcional lembra o episódio inicial do futuro rei e salmista.

  • Pe. Antônio Vieira e os peixes

    Diário da Manhã (GO), em 06/01/2009

    Tudo o que o mestre da retórica sacra lusitana percebia, hoje percebemos com igual impunidade. E o que nos surpreende no gênio de Antônio Vieira é a utilização da palavra como arma temível, desdobrável, muitas vezes em chama, ora ao falar aos portugueses, ora aos holandeses (pela invasão), ora no Brasil Colônia, ora aos príncipes, ora ao vulgo, ora aos próprios peixes, não importando a quem, desde que alcance seus intentos de convencer , espantar ou evangelizar. Usando a alegoria, para Octavio Paz – “expressão do pensamento analógico”.

  • "A língua é bela e mal utilizada"

    Jornal do Commercio (RJ), em 05/01/2009

    Quando ia mais acesa a discussão em torno do Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa, com alguns escritores de Lisboa criticando a sua implementação, criou-se uma dúvida sobre a posição a ser adotada por José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura. Seria a favor ou contra?

  • Machado de Assis nas Alterosas

    A Gazeta (ES), em 05/01/2009

    Surgiu uma dúvida no plenário da Academia Brasileira de Letras sobre as viagens de Machado de Assis. Conhecido bicho do mato, a sua imaginação viajou muito mais do que o corpo. Ele mesmo, por diversas vezes, perguntado onde teria ido mais longe, invariavelmente, com a ironia de sempre, respondia: “Petrópolis.”