
O Farol de Capão da Canoa
No começo do século passado, viajar para a praia era uma aventura demorada e não isenta de riscos. As pessoas iam de carreta, em parte por causa da enorme bagagem (a viagem era uma verdadeira mudança), mas sobretudo porque não havia outro meio de transporte. Na minha infância já se podia contar com linhas regulares de ônibus, mas a viagem ainda durava cinco horas, boa parte dela feita pela orla marítima, onde a probabilidade de atolar não era pequena. Mas a nós isso pouco importava. Capão da Canoa, para onde íamos uma vez por ano e por curta temporada, era um território de sonho, e à medida que dali nos aproximávamos crescia nossa excitação. O grande momento ocorria quando, do ônibus, avistávamos o farol.