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Artigos

  • Medicina dá samba?

    Correio Braziliense, em 30/11/2010

    O próximo 11 de dezembro assinala o centenário de nascimento de uma das figuras mais importantes da música brasileira, Noel de Medeiros Rosa, o autor de composições inesquecíveis como Com que roupa?, Palpite infeliz, Último desejo, Fita amarela, O orvalho vem caindo, Até amanhã, Quando o samba acabou, Conversa de botequim, Feitio de oração, Feitiço da Vila, Três apitos, Pra que mentir?, Meu barracão e tantas outras. Foi uma curta existência, a sua, marcada tanto pela boemia como pelo sofrimento. Morreu em 1937, com apenas 26 anos de idade, deixando contudo uma obra que até hoje nos assombra e nos comove.

  • A culpa é do governo

    O Estado de São Paulo, em 29/11/2010

    A gente se acostuma a tudo. Os biólogos dizem que a repetição do estímulo inibe a resposta. Provocar continuadamente uma reação no organismo ou na mente acaba não surtindo mais efeito. Pode-se fazer uma analogia com a nossa desaparecida indignação, que, de tão cutucada, já não se manifesta e, em alguns de nós, parece ter-se convertido em resignação e cinismo amargo. É isso mesmo, os políticos são ladrões, os administradores são incompetentes, os serviços públicos são abomináveis, a educação é um desastre, a saúde é uma calamidade e a insegurança é geral - acabou-se, nada a fazer, o Brasil é assim mesmo. É triste ver a amada cidade do Rio de Janeiro, orgulho de todos nós, transfigurada numa Bagdá à beira-mar, carros blindados conduzindo tropas de assalto e armamento pesado, soldados de fuzil em punho se esgueirando em ruelas, como víamos somente em filmes de guerra. Entre metralhadoras, granadas, carros e ônibus em chamas, repórteres usando coletes à prova de balas e gente espavorida, é como assistir à cobertura da Guerra do Golfo. Isto é, enquanto uma bala não estilhaçar o televisor, caso em que teremos também recebido, como tantos outros concidadãos, nosso batismo de fogo.

  • Acordo ortográfico e volp (2)

    O Dia ( RJ), em 28/11/2010

    A pergunta de que trataremos é sobre a Base V, item 25, "e", quando o novo Acordo Ortográfico registra a possibilidade de alguns verbos terminados em -iar (negociar e premiar) admitirem a dupla conjugação negocio/negoceio, premio/premeio, isto é, embora em -iar, seguem o modelo dos verbos em -ear, por exemplo frear (freio), passear (passeio). Em Portugal, formas como "negoceio" e "premeio" são mais frequentes do que no Brasil, mas ambas existem em todo o domínio da língua portuguesa.

  • Nada a esconder

    O Globo, em 28/11/2010

    “Privacidade” é uma palavra recente na língua portuguesa. Quem a procurar num dicionário velho, aí de seus 30 ou 40 anos para cima, não vai encontrá-la. Antigamente se usava “intimidade”, que, na minha opinião, quebrou bem o galho durante muito tempo. Não obstante, do mesmo jeito que muitas outras palavras nossas, “intimidade” teve todos os seus anos de bons serviços ignorados e foi amplamente substituída, via Estados Unidos, por uma inglesa de som e uso considerados chiques, como ocorre entre nós em relação a qualquer coisa em inglês. “Privacidade”, aportuguesamento de “privacy”, já foi naturalizada e correm bem longe os tempos em que seria xingada de anglicismo e, se usada numa prova escrita, baixaria a nota. A bem da verdade, ela não deixa de comportar-se como uma boa cidadã brasileira e talvez mereça a popularidade que obteve, talvez nós estivéssemos precisando dela mesmo.

  • A hora da responsabilidade social

    Correio Braziliense, em 26/11/2010

    O estágio é fundamental como ideia do primeiro emprego. É a inserção inicial do jovem no mercado de trabalho. No Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro (CIEE/Rio) temos um percentual muito significativo de 72% de permanência dos jovens nos locais em que estagiaram. Esse percentual mostra não só a relevância do jovem no mercado profissional, mas também um crescimento expressivo no contingente de estagiários que atuam hoje em empresas de diversos segmentos.

  • O Iluminismo judaico

    Jornal do Commercio (RJ), em 26/11/2010

    Foi por pura curiosidade intelectual que nos dispusemos a escrever o livro “Haskalá – O Iluminismo judaico”. Primeira obra em língua portuguesa sobre esse importante movimento cultural, percorremos importantes bibliotecas internacionais para colher as preciosas informações. Primeiro a Rosenthaliana de Amsterdã, depois a do Jewish Theological Seminar, em Nova Iorque. Consultamos verdadeiros tesouros literários, a maioria em língua iídiche (dialeto usado principalmente pelos judeus da Alemanha), como comprova a declaração histórica de Isaac Bashevis Singer, Prêmio Nobel de Literatura de 1978: “A literatura iídiche foi toda construída sobre as ideias do Iluminismo. Quem quiser conhecer os últimos 600 anos da história judaica, terá de estudar essa língua, de tanta riqueza.”

  • Tolstói, um centenário

    Folha de São Paulo, em 26/11/2010

    Há 100 anos morria Tolstói na pequena estação de Astapovo, de uma pneumonia que pegara no terceiro dia de sua fuga de casa, no frio do inverno russo e da terceira classe do trem em que viajava. Fugia no desencanto do fim de sua vida, quando abandonara todos os valores que construíram sua celebridade como escritor para fazer uma peregrinação tão intelectual como corporal, em que não sabia bem aonde queria chegar, carregando ideias de pacifismo, negação de si mesmo e uma revolta interior que o faziam voltar à sedução do anarquismo.

  • Padre Ávila e o testemunho da modernidade

    Jornal do Brasil, em 24/11/2010

    Padre Fernando Bastos de Ávila, que perdemos a 6 de novembro, reunia três marcas exemplares do que possa ser o testemunho crítico da fé, no desafio do seu tempo. E sem nenhuma concessão aos conservadorismos fáceis, ou às rendições à boa consciência. Vindo da mais rica das formações teológicas e sociais, da Gregoriana a Louvain, criou, na PUC do Rio de Janeiro, a primeira grande escola de sociologia, nascida da ampla compreensão moderna da profissão, à luz dos rigores científicos de nosso tempo.

  • Deus e o diabo

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/11/2010

    Desde criança -e bota muito tempo nisso- ouvia os adultos falarem, com voz sinistra, sobre o dia em que "os morros ocupariam o asfalto". E olha que os morros, naqueles distantes idos, não eram o que são hoje. Eram moradia de gente pobre que chegava à antiga capital da República para ganhar a vida.

  • Bingo!

    Zero Hora (RS),, em 23/11/2010

    Não sei se isto deveria figurar no meu currículo, mas estive entre aqueles que, há muito tempo, testemunharam o nascimento da CPMF. O fato ocorreu em uma reunião de secretarias de Saúde, aqui em Porto Alegre; o tema, crônico, era a escassez de verbas para o setor. Numa conversa informal de corredor, surgiu a proposta: arranjar mais dinheiro através de um imposto especial; no caso, sobre refrigerantes.

  • Seremos todos felizes

    O Estado de São Paulo, em 21/11/2010

    Pelo menos no meu caso, a leitura dos jornais vem provocando uma leve tontura, por vezes não tão leve assim. Estou seguro de que os governantes eleitos não pensam em outra coisa que não o bem-estar da coletividade, pois haverá de ter sido esse ideal o que os moveu a candidatar-se, enfrentando a canseira, o estresse e a despesa de uma campanha, para depois padecer sob a rotina estafante e ingrata da vida pública. Sabemos que, até neste talvez enganosamente sereno domingo, estão ocorrendo reuniões pressurosas em todos os cantos do País, buscando o que fazer para começar desde já a trabalhar pelo bem comum. Também sabemos que os eleitos estão agora mesmo se debruçando com afinco sobre diagnósticos, estudos e planos para a solução dos problemas nacionais, querem trabalhar, querem fazer por nós tudo o que prometeram e mais alguma coisa.

  • Novo Acordo Ortográfico e o Volp

    O Dia (RJ), em 21/11/2010

    Leitora assídua desta coluna nos envia algumas indagações sobre o novo Acordo Ortográfico e os registros que dele faz o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) na sua 5ª edição, saída no início de 2009.   Em primeiro lugar, pergunta a razão pela qual se manteve o acento diferencial no infinitivo "pôr" e se extinguiu em "para" (do verbo parar), já que a justificativa teórica seria a mesma Os redatores do texto do Acordo nada nos informam a respeito. Mas acreditamos que vamos encontrar a explicação na tendência que presidira o Acordo de diminuir no máximo a necessidade de acentuar graficamente os vocábulos de nossa língua, com especial atenção para os diferenciais, uma vez que o contexto,com maior ou menor facilidade, estaria apto para solucionar casos de possível ambiguidade.

  • Ruth por Ignácio

    O Estado de São Paulo, em 21/11/2010

    A biografia é um gênero difícil, posto que exige combinar História e estória. Requer, por isso mesmo, tanto o empenho e a dedicação na pesquisa dos fatos quanto a qualidade de um texto que, numa unidade narrativa, seja capaz de bem contar uma estória de vida. Seguir a ordem cronológica contribui para a tessitura da narrativa e, por isso, é um dos preceitos usuais na elaboração de uma biografia. Permite, com efeito, indicar como uma pessoa, na sua singularidade, foi, no correr do tempo, lidando com o seu potencial de possibilidades no confronto com as múltiplas circunstâncias do seu percurso. Foi este preceito que Ignácio de Loyola Brandão seguiu na elaboração do seu recém-publicado livro Ruth Cardoso - Fragmentos de uma Vida.

  • O primeiro hippie

    Zero Hora (RS), em 20/11/2010

    Leon Tolstói (1828 1910) foi não apenas um grande escritor, foi um tipo humano fascinante que, sob alguns aspectos, antecipou formas de pensamento e estilos de vida que depois viriam a caracterizar o século 20.