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Artigos

  • Só para ver no que dá

    O Globo (Rio de Janeiro), em 05/07/2006

    Se eu fosse comentarista de futebol profissional, provavelmente teria uma reputaçãozinha nesse mister. Mas, como não sou, não tenho reputação esportiva nenhuma para arriscar e, se o que eu disser não acontecer, tenho bem pouco a perder. Vou arriscar duas novas previsõezinhas inofensivas, até porque vocês já sabem o resultado do jogo de ontem.

  • A derrota da seleção

    Diario do Comercio (São Paulo), em 04/07/2006

    Venho, também, dar a minha opinião sobre a derrota da Seleção. Essa deveria ser gloriosa do primeiro ao último jogo e, gloriosamente, trazer para o Brasil a cobiçada Copa, para qual foram gastos milhões de dólares no preparo dos jogadores para o grande embate na Alemanha. Os torcedores já faziam sonhos sobre as vitórias a serem registradas, cada qual com sua característica diante de dada necessidade: o grande final da gloriosa seleção brasileira. Mas, viu-se no jogo contra a França que somos uma fraca equipe, que não sabe atacar e nem defender, contra uma seleção que soube, ganhando o jogo que nos mandou de volta para o Brasil.

  • Massacres e guerras

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/07/2006

    O recente massacre de 13 pessoas que teriam ligações com bandos criminosos, notadamente o PCC, demonstra mais uma vez a fragilidade de algumas de nossas instituições mais importantes -a Justiça e a polícia.

  • Homenagem à Revolução

    Diario do Comercio (São Paulo), em 03/07/2006

    A Associação Comercial de São Paulo homenageia a cada ano a Revolução Constitucionalista de 32 , cujo fulgor não deve ser diminuído no próprio interior do seu sentido. A comemoração é constituída de sessão cívica, com programa e discursos, e mais recentemente com a concessão do Colar Cívico que leva o nome do presidente da entidade na época, Carlos de Souza Nazareth, que se destacou pelo clamor cultural em defesa dos princípios sobre os quais se ergueu o ideal da Revolução. Com ela, queriam os paulistas lançar um desafio diante das tropas do governo de Getúlio Vargas, reclamando a Constituição a que ele antes se referia, sem no entanto convocar uma comissão para oferecer às forças cívicas um anteprojeto que desse rumo à constituição republicana, sucessora da Primeira Constituição.

  • O que é a verdade?

    Extra (Rio de Janeiro), em 03/07/2006

    Em nome da verdade, a raça humana cometeu os seus piores crimes. Homens e mulheres foram queimados. Os que cometiam os pecados da carne eram mantidos à distância. Os que procuravam um caminho diferente eram marginalizados. Um deles, em nome da “verdade”, foi crucificado. Mas, antes de morrer, deixou a grande  definição da verdade, que não é aquilo que nos dá certezas, não é o que nos faz melhor que os outros, não é o que nos mantém na prisão dos preconceitos. A verdade é o que nos faz livres. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, disse ele.

  • Vinte anos depois: Francisco

    O Globo (Rio de Janeiro), em 02/07/2006

    Tomo café no terraço do hotel que dá vista para um castelo, um gigantesco castelo neste pequeno vilarejo com apenas algumas casas, na província de Navarra, Espanha. Já é noite, não há lua, estou refazendo de carro minha peregrinação a Santiago de Compostela, para comemorar os vinte anos de quando cruzei este caminho à primeira vez.

  • Conversas e lutas com Deus

    Diário da Manhã (Goiânia), em 02/07/2006

    Em um dos meus livros, O Monte Cinco, o personagem principal rebela-se contra os desígnios de Deus, e não quer mais escutá-lo. Inspirei-me em uma passagem bíblica, quando Jacó luta com Deus dentro de uma tenda, e só o deixa partir depois que Ele o abençoa.

  • Falemos de feios famosos

    Zero Hora (Porto Alegre), em 02/07/2006

    Em época de Copa do Mundo, só se fala em futebol, visto inclusive pelos aspectos mais inusitados. Entrem, por exemplo, no site www.uglyfootballers.com e vocês encontrarão uma seleção dos jogadores mais feios do mundo. Ali estão, por exemplo, Carlos Valderrama, da Colômbia, e Diego Maradona, da Argentina. O Brasil está representado por dois craques: Sócrates (que nisto equivale a seu homônimo filósofo; ver mais adiante) e Ronaldo Nazário. Agora, a pergunta: mesmo que Maradona e Ronaldo sejam feios (e muitas mulheres discordarão disso) será que o detalhe tem importância?

  • O cacoete do gerúndio

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 01/07/2006

    Caminhando, apesar do gerúndio, foi uma canção de muito sucesso. A canção marcou época, na voz do seu autor, Geraldo Vandré. Até hoje é muito lembrada. Essa história de empregar o gerúndio, na língua portuguesa, nem sempre é bem recebida. Ao contrário, há certa ojeriza por essa forma verbal. A razão não é bem conhecida.Há épocas em que o gerúndio fica quieto no seu canto. Tipo dor lombar, que só aparece de vez em quando. Estamos vivendo um período de recrudescimento do gerundismo e, naturalmente, as reações são as de sempre. Um grande mal estar tomou conta da praça, como se a praga vernacular devesse ser eliminada o mais rápido possível.A mania vem, principalmente, das empresas operadoras de telemarketing, hoje com 630 mil profissionais. Não se trata de certo ou errado, como a nossa imprensa quis qualificar, mas de adequado ou não adequado. Reparem: "Vamos estar transferindo sua ligação." - diz a representante da empresa de call center. Não seria muito mais simples e direto afirmar "Vamos transferir a sua ligação?" Outras são mais enroladas ainda: "Vamos estar podendo confirmar seu pedido." Ou "A empresa vai estar enviando sua compra." Por que esse circunlóquio, essa volta desnecessária?Já existe até uma cartilha em preparo para amenizar esse vício. Aliás, os seus organizadores vão aproveitar o embalo e tentar colaborar para evitar outros erros corriqueiros, como acontece em regências, concordâncias, acentuação e pontuação. Quantos de nós estamos nos habituando a ouvir a palavra "rúbrica" em vez de rubrica? E o popularíssimo "gratuíto" que tanto incomoda os nossos ouvidos?A cartilha, em três versões, será distribuída por escolas públicas estaduais e municipais. É mais ou menos como uma campanha contra a dengue, que exige cuidados especiais. Com direito até a camionete que espalha pela região afetada o pó salvador, o que mata o mosquito. Em nosso caso, um antídoto contra os cacoetes de linguagem, hoje lamentavelmente incorporados à forma como se ensina a língua portuguesa em todo o país. Há graves lacunas, algumas específicas de determinadas regiões, mas no conjunto a exigir uma ação enérgica de correção por parte das autoridades que ainda amam a língua "inculta e bela" no dizer do poeta, que herdamos dos nossos colonizadores.Um bom conselho que se pode dar aos organizadores dessas campanhas é a dessacralização do livro. Torná-lo mais popular, bem mais, para que seja alvo do interesse do público jovem. Se não se cria um hábito, que pelo menos nasça o gosto pela leitura, que o livro seja um bom companheiro dos jovens, em todos os momentos. Ocorre-nos a lembrança de repetir o que se faz no México, nos trens do seu metrô. Coloca-se à disposição dos passageiros livros na entrada do vagão, livros de bolso, mas de bons autores, para serem manuseados durante as viagens. Quando salta, o passageiro se obriga, disciplinadamente, a devolver o volume, recolocando-o numa prateleira. Assim, todos têm acesso democrático ao livro, podendo complementar a sua leitura, se for o caso, em duas ou três viagens. Por que não se adota esse procedimento em nosso sistema metroviário?Recordemos Miguel de Unamuno: "Ler, ler, ler, viver a vida que outros têm sonhado/ ler, ler, ler, a alma se esquece das coisas que passaram." A leitura é o espaço da originalidade, não percamos isso de vista.

  • História de cachorros

    Extra (Rio de Janeiro), em 01/07/2006

    Marizete Lorenzo conta a história de um caipira que ganhou três cachorros e resolveu levá-los para a fazenda onde vivia. Colocou coleiras e amarrou-os atrás do carro de bois que os levaria até lá. O primeiro cão ia à força, mordia a corda, caía, era arrastado. O segundo resignou-se e seguiu o carro de bois. O terceiro, porém, pulou dentro da carroça, dormiu e chegou descansado ao seu destino. “Quando resistir é inútil, o melhor é adaptar-se. O mais sábio é aquele que consegue tirar proveito das circunstâncias inevitáveis e fazer com que elas funcionem a seu favor”.

  • Cararaô são dois temas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/06/2006

    Hoje é dia de muitos assuntos. Um só não cabe, seria longo demais. Como dizia Vieira, "não tenho tempo de ser breve". Começo pelo Roberto Rodrigues e o quanto fiquei triste com a sua saída do ministério. Disse que seus motivos não eram nem políticos nem pessoais. Jânio Quadros definiu esse quadro de segredo como "forças ocultas". Mas vai fazer falta.Leio a celeuma criada com a usina de Belo Monte, no Pará, que deverá ser a maior hidrelétrica brasileira (Itaipu é de dois países, Brasil e Paraguai), com 11.000 megawatts. Ninguém quer que seja construída, tem ONGs e vespeiro de professores. Pensei que fosse pelo nome. Era Cararaô e passou a ser Belo Monte, o verdadeiro nome de Canudos. Esta guerra, sim, jamais devia ter ocorrido. Trocaram o nome ninguém sabe por quê.

  • Renúncia de Ministro

    Diario do Comercio (São Paulo), em 30/06/2006

    A saída de um ministro da Agricultura, como no atual caso de Roberto Rodrigues, não é a saída convencional de outro ministro. Vamos à situação do Ministério da Agricultura para justificar a queda de Roberto Rodrigues. Desde Fernando Costa, que saiu carregado pela morte, o ministério não tinha um titular com tanta atividade, que transformou a Pasta num bloco de utilidade permanente, atuando junto com o ministro Luiz Fernando Furlan na expansão das exportações. Era sabido que o Ministério da Agricultura não tinha importância alguma, indo para lá, geralmente, candidatos ao ócio e não ao negócio. Foi o convite à Roberto Rodrigues que transformou o ministério de lago plácido em ariete de combate, ao intensificar as exportações de medíocres quantias em dólares de formidável magnitude. Foi uma virada de vida extraordinária para os ministros Luiz Fernando Furlan e Roberto Rodrigues.

  • Nada de desculpas

    Extra (Rio de Janeiro), em 30/06/2006

    Nós vivemos cercados o tempo todo por uma atmosfera de culpa. Nós sempre nos sentimos culpados por tudo o que há de autêntico em nossa existência: por nosso salário, por nossas opiniões, por nossas experiências, por nossos desejos ocultos, por nossa maneira de falar. Nós nos sentimos culpados até mesmo por nossos pais e nossos irmãos. E qual é o resultado prático dessa culpa toda que deixamos tomar conta de nossa vida? Paralisia. Ficamos com vergonha de fazer coisas que sejam diferentes do que as que os outros estão fazendo. Também não queremos frustrar as expectativas que os outros criam em nós. Não expomos nossas idéias e justificamos essa atitude dizendo: “Jesus sofreu, e o sofrimento é necessário”. Esse tio de desculpa não nos redime de nossa paralisia. Não se pode ocultar a covardia de tomar atitudes que realmente precisamos tomar com desculpas, senão o mundo inteiro não segue adiante.

  • Blue chips

    Diario do Comercio (São Paulo), em 29/06/2006

    Dizia o meu saudoso chefe, Assis Chateaubriand, que o Rio de Janeiro tinha três pessoas poderosas: o ministro da Guerra, D. Hélder Câmara e o presidente do Banco do Brasil. O banco foi usado pela política dominante várias vezes, chegando, mesmo a dar origem ao suicídio de um presidente, Getúlio Vargas. Temos agora outro Banco do Brasil, o que oferece pela Bolsa de Valores ações ao grande, médio e pequeno investidor. É só falar o nome do banco para suscitar o apoio risonho dos investidores que desejam tornar-se ativos investidores. Essa é a grande notícia que o Banco do Brasil dá ao País, com a certeza absoluta do sucesso do lançamento.