Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • Presidenta ou presidente

    Diário da Manhã (GO), em 19/11/2010

    As palavras vivem e morrem. A língua está em constante transformação. Não é estática. A todo momento recebe as influências do cotidiano, surgindo novos vocábulos, neologismos que em geral vão buscar suas formas no modo de viver, nos costumes, no comunicar do povo. Said Ali, com sua grande autoridade, em seu "Dificuldades da Língua Portuguesa", diz que "nem tudo quanto está nos clássicos é para se imitar".

  • Amor virtual

    Jornal do Commercio (RJ), em 18/11/2010

    Recém chegado ao universo virtual, tenho sentimentos contraditórios a respeito da nova linguagem que, aparentemente, e até aqui, está unindo homens e mulheres, velhos e crianças, doentes e sadios numa humanidade especifica, que, por não ter existido antes, agora está sendo testada.

  • Direita ou esquerda?

    Brasil Econômico, em 17/11/2010

    Enquanto a Europa em crise está majoritariamente em mãos conservadoras, a América Latina pende à esquerda e vai cada vez melhor. A crise americana de 2008 — que está agora abrindo o capítulo da guerra cambial — atingiu todo o mundo.

  • Dois centenários

    Correio Braziliense, em 16/11/2010

    Este mês de novembro marca dois centenários importantes na literatura. Amanhã, temos o centenário de nascimento de Rachel de Queiroz; no dia 20, o centenário de falecimento de Liev Tolstói (ou Léon Tolstói, ou Leão Tolstoi, ou Leo Tolstoy, ou Lev Tolstói — as transcrições gráficas de seu nome russo variam). Aparentemente, duas figuras muito diferentes: um homem e uma mulher, um eslavo e uma brasileira; mas há, entre eles, coisas em comum, a começar pela coincidência temporal entre a morte de Tolstói e o nascimento de Rachel. É uma coincidência significativa, porque Tolstói foi fundamentalmente um escritor do século 19, uma época em que a literatura de ficção abordava as grandes questões da existência humana, cumprindo um papel que depois seria atribuído à psicologia e a sociologia, então ainda engatinhando.

  • Um desconhecido Alencar

    O Dia (RJ), em 14/11/2010

    Alencar ao que nos parece depois de uma pesquisa nos dicionários e repertórios lexicográficos brasileiros e portugueses, não é vocábulo documentado. Temos registrado o verbo "alancar" no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e no seu equivalente português da Porto Editora, além de documentado no "Morais" 10ª ed., com exemplo extraído de romance de Aquilino Ribeiro, dado como provincianismo português. Pela constante troca da nasal "an"por"en", a variante "alencão", por "alancão", aparece no "Glossário Sucinto", de Elviro da Rocha Gomes, levantado no mesmo Aquüino, com o significado de "puxão"."Alancar" que significa, entre outras acepções,"derreár'; "curvar com o peso de carga ou esforço" é de origem desconhecida e está longe de relacionar-se com o "alencar" que aparece nos textos do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e do Ministério da Educação, em contextos do tipo: "os artigos alencados na Lei", "Deve-se apresentar os documentos alencados no artigo (...)".

  • A República, filosoficamente

    O Globo, em 14/11/2010

    Há quem sustente que, em janeiro de 1890, Itaparica ainda não tinha certeza de que a República fora proclamada no ano anterior, notadamente o filósofo e tribuno Nabucodonosor Pontes Ferrão, autor de valente discurso intitulado “Onde se encafurna ela, que não aparece?”. Com essa alocução, pronunciada no Largo da Quitanda, em arroubado improviso ornado de lindas ordens inversas, e tida por alguns como apócrifa, mas não obstante ainda venerada como peça de estilo e civismo, o orador, segundo se diz, chegou a convencer grande parte de seus concidadãos de que a República não existia, era uma invencionice de poetas, desocupados e loroteiros.

  • O verbo e a verba

    Folha de São Paulo, em 14/11/2010

    O bom senso recomendaria que eu comentasse a eleição passada. Mas quase todos os cronistas escreveram sobre o assunto, com mais entusiasmo e mais autoridade do que eu.

  • A solidão masculina

    Zero Hora (RS), em 14/11/2010

    Os tradutores dos títulos de filmes às vezes cometem atrocidades. Psycho, de Hitchcock, foi traduzido em Portugal como O Filho que era Mãe, uma alusão ao fato de que o personagem se identificava com a genitora. Agora, The Solitary Man, o filme de Brian Koppelman e David Levien, foi batizado, também em Portugal, com o título de O Eterno Solteirão.

  • Onde estão os pediatras?

    Zero Hora (RS), em 13/11/2010

    Uma recente e importante pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais em todo o país reflete a dimensão de um problema que chama a atenção dos responsáveis pela saúde pública e que é sentido pela população com grande intensidade: trata-se da carência de pediatras, médicos de família e clínicos gerais, ou seja, aqueles profissionais que resolvem, ou poderiam resolver, 80% dos problemas de saúde.

  • Esquema de salvação nacional

    Folha de São Paulo, em 12/11/2010

    Volta e meia, apesar dos meus esforços em contrário, sou assediado por pessoas mal informadas que me pedem conselhos e me consultam sobre problemas não só nacionais como internacionais.

  • Pau de sebo

    Jornal do Commercio (RJ), em 11/11/2010

    Já vi muita coisa neste mundo, mas nunca assisti pessoalmente a um pau de sebo de verdade, uma brincadeira que me parece caipira e que alegra as festas do povo em geral. Mas sei do que se trata. Aparecem os candidatos a um prêmio colocado no topo de um mastro de madeira ensebada com graxa ou outro deslizante qualquer. Todos tentam subir para ficar de posse do prêmio colocado no topo -uma galinha, uma cesta de ovos, uma garrafa de cachaça, um chapéu de couro.

  • Votando hoje

    O Globo, em 31/10/2010

    Minha primeira lembrança política é de um comício comunista, em noite muito remota, na Praça Pinheiro Machado, em Aracaju. Nossa casa ficava na praça e meu pai resolveu que ia dar uma espiada e me levar com ele. Não lembro oradores, só lembro uma aglomeração de silhuetas agitadas, em frente do palanque armado sobre o coreto. Ficamos pouco tempo, mas me impressionei com o coro dos participantes, repetindo o que para mim soou como “luí-cálu-pré!”, “luí-cálu-pré!”, “luí-cálu-pré!”. Apesar do medo de que ele me remetesse ao dicionário e, a depender da veneta, me mandasse copiar o verbete com boa letra, perguntei o que queria dizer aquilo.

  • Gran Circo Brasileiro

    Folha de São Paulo, em 31/10/2010

    O mais complicado é arranjar uma lona de boa qualidade que cubra os 8.514.876,599 de quilômetros do território nacional. Uma lona que custa os olhos da cara, mas que alegislação permite que seja rateada por uma vaquinha presidida pelo tribunal competente e por doações de patrióticas empresas e instituições, além, é claro, de todos os candidatos e eleitores que de alguma forma gastam em propaganda e deslocamentos por terra, mar e ar.

  • A festa das bruxas

    Zero Hora (RS), em 31/10/2010

    Festa é festa, e festa deveria ser sempre bem-vinda, mas muita gente não gosta do Halloween. Em primeiro lugar, porque é basicamente coisa de americano; não faz, ou não fazia, parte de nossa cultura. Depois, porque é a festa das bruxas, um resíduo do paganismo celta. Mas a influência americana está presente em nosso cotidiano, indo dos anglicismos ao McDonalds; e a evocação das bruxas a rigor não envolve uma crença, é muito mais uma gozação. Aliás, fazer brincadeiras com coisas misteriosas ou amedrontadoras é um jeito de controlar nossa ansiedade, como se vê no México, no Dia de Finados ali as calaveras, esqueletos feitos de açúcar, fazem parte do folclore. A propósito, não deixa de ser curioso o fato de que o termo Halloween venha de All-Hallows-Even (evening), referindo-se à noite que precede o Dia de Todos os Santos, este, por sua vez, antecedendo Finados. Ou seja, uma tríade significativa, que nos fala de bruxaria, de fé cristã e da morte.

  • A qualidade é possível

    Jornal do Commercio (RJ), em 29/10/2010

    Convém prestar atenção a certos fenômenos (sim, são fenômenos) que ocorrem na educação brasileira. Quando se discute tanto a necessidade da sua qualidade, especialmente no ensino público, temos dois exemplos positivos a considerar, ambos relacionados à Universidade do Estado do Rio de Janeiro.