Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • Sonho provável

    Diário do Comércio (São Paulo), em 15/08/2005

    Quem subiu da pobreza de retirantes e de paus-de-arara, como é o caso de Lula, e chegou a presidente da República impressionando o mundo, ao menos do mundo bem informado, vai se crer predestinado, embora não tenha nem noção primária do que é a predestinação.

  • A grande lambança

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/08/2005

    Volto a comentar o discurso presidencial da última sexta-feira. Além do plural majestático, que ontem destaquei, Lula falou em "arregaçar as mangas" e em "desdobrar esforços". Tudo bem, o povo entende o que é isso - já é alguma coisa. Mas pouca gente entendeu quando ele falou dos escândalos "dos quais nunca tive conhecimento". Na melhor das hipóteses, teria passado recibo de cegueira política e funcional.

  • Latinidade

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 14/08/2005

    A Academia Francesa homenageou a sua co-irmã brasileira, a Academia Brasileira de Letras, com uma sessão solene, em sua belíssima sede, "sous la coupole". Quinze imortais brasileiros e outros tantos franceses, sob a liderança da secretária perpétua Hélène Carrère D´Encause, discursaram num revezamento na qualidade das análises feitas. Predominou o relacionamento cultural de Brasil e França. O poeta Ivan Junqueira, presidente da ABL, falou sobre o percurso literário de autores franceses. Jean D´ Ormesson lembrou os anos vividos no Rio de Janeiro. Foi um simpático momento de descontração. Maurice Druon, autor do clássico "O menino do dedo verde", discorreu sobre o prazer com que nos visitou algumas vezes. Numa delas, em 1998, lançou as sementes do Prêmio da Latinidade e da Academia da Latinidade, tendo a delicadeza de salientar a nossa participação favorável às iniciativas, quando na presidência da ABL.

  • Plural majestático

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/08/2005

    O tardio discurso presidencial de ontem abusou do plural majestático, próprio dos reis, imperadores e papas, "nós", em lugar do "eu" que compete a todos que não se julgam reis, imperadores e papas. No plural, ele pediu desculpas à nação, reconhecendo os erros de seu governo e seu partido. Só usou o singular para se declarar indignado. Qual seria a alternativa dele? Declarar que estava solidário com a corrupção?

  • Corrupção sistêmica e acordão já

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/08/2005

    A crise comandada pelo "mensalão" apossou-se das manchetes oficiais, em nome de um discurso antigo, a passar o seu veredicto, não obstante a enormidade dos novos cenários de dependência econômica e política das nossas instituições. O novelo de Roberto Jefferson desenrolou o portento do abuso modernizado, ao padrão da complexidade dos interesses e dos aparelhos em que se entrelaçam verbas orçamentárias, fundos de pensão, contas de propaganda, contratos de venda fatura de votos no Legislativo. A atingir o situacionismo da hora, veio ao patíbulo da opinião pública todo o estigma da corrupção inseparável, como sua segunda natureza, do subdesenvolvimento político de um País, ainda preso à privatização da coisa pública, própria à dominação típica da nossa estrutura semicolonial.

  • Vamos falar sobre flores

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/08/2005

    Carlos Lacerda , o político, mas sobretudo o grande jornalista, numa época parecida com a que vivemos, resolveu escrever sobre a Sociedade Protetora dos Animais.

  • Anos 70: a alegria de um mundo triste

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/08/2005

    Cada época tem, mais ou menos, a gente que merece. Bem ou mal, eles e elas é que fazem o tempo. Marlene Dietrich sentada numa cadeira virou logotipo dos anos 30. Os Três Grandes (Roosevelt, Stálin e Churchill), em Ialta, marcaram os anos 40. Gagárin e Marilyn Monroe são símbolos dos anos 50. Os Beatles são os donos da década seguinte. Os anos 70, que alguns consideram interessantes, também produziram seus espécimes, nem melhores nem piores: a vida continua, muitas vezes é repetitiva e chega até a ser espantosa. Basta dizer que, em seu final, a figura mais badalada daquela década era um aiatolá que tentou ensinar ao Ocidente como se deve defecar: sempre de costas para Meca.

  • Animal ferido

    Diário do Comércio (São Paulo), em 12/08/2005

    A investigação sobre os escândalos político-administrativos prossegue, e parece que não teremos pizza, simplesmente por ser impossível esconder o tamanho da crise na qual o PT de Lula e seus correligionários afundaram o País.

  • A classe média ressentida

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/08/2005

    Pessoas mal informadas me perguntam se Lula teria chances de ser reeleito. Quem sou eu, que nada entendo de política, para responder a pergunta que, ainda por cima, não me comove nem interessa.

  • Uma irresponsabilidade

    Diário do Comércio (São Paulo), em 11/08/2005

    Pode-se considerar absurdo ligar o escândalo político e administrativo ao roubo de 150 milhões da agência do Banco Central em Fortaleza. Não hesito porém em fazê-lo.

  • Brasil de Lula, partido de Dirceu

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 10/08/2005

    A vertigem da crise já nos depara a exasperação de situações-limite, como da nova guinada da direção petista na reunião de 6 de agosto. Qual o perfil da legenda que vai à opinião pública diante dos crescentes questionamentos nacionais? O da purga proposta ao PT por Tarso Genro ou da ida à frente da estratégia do ''campo majoritário'' na opção de José Dirceu? O caminho adiante parece ser o da aposta na verossimilhança da versão da ausência de conhecimento da cúpula do partido nos pagamentos das caixas 2 de campanha e do ''mensalão''. Não há mais recuo no ''tudo ou nada'', em que insistirá a legenda fiada na sua credibilidade de fundo - avalizada pela biografia de Dirceu - frente aos incidentes de trajetória de erros e abusos para a conquista de maiorias parlamentares. E até onde, agora, o presidente se associou ao ex-chefe da Casa Civil no rumo dado ao confronto do PT com a crise?

  • A Recife universal do tecelão Mauro Mota

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 10/08/2005

    Nascido no Recife em 16 de agosto de 1911 e morto em novembro de 1984, Mauro Mota foi jornalista e ensaísta. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, eleito para a cadeira nº 26, quando competiu com Thiers Martins Moreira, tendo Laurindo Rabelo como patrono; Guimarães Passos como fundador; Paulo Barreto, Constâncio Alves, Ribeiro Couto e Gilberto Amado, como antecessores; e sendo sucedido por Marcos Vilaça, seu conterrâneo.

  • Espumas flutuantes

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/08/2005

    Nada a ver com Castro Alves e suas "Espumas Flutuantes". As espumas que contam (ou não contam conforme o caso) são provocadas não por uma mas por três CPIs que estão batendo simultaneamente em nossas costas, nem sempre protegidas por muralhas de pedra e indiferença.Sempre haverá qualquer coisa, além do que já houve. A parte mais visível da ressaca - as espumas propriamente ditas - já cumpriu o seu papel de espum a: vieram à superfície, foram fotografadas e analisadas de vários ângulos e logo serão superadas por novas espumas no vaivém da nossa história política.