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Artigos

  • A hora dos valores éticos

    Jornal do Commercio (RJ), em 05/09/2008

    Se é verdade que o homem só se torna homem pela educação, devemos estar empenhados na sua melhoria. Em nossa sociedade pluralista, há diferentes formas de valoração, reconhecido que não podemos viver sem um sistema adequado de crenças e valores. A crise atual pela qual passa a Educação coloca esse processo diante de uma indesejável ruptura.

  • O que ele não disse

    Folha de S. Paulo (SP), em 02/09/2008

    RIO DE JANEIRO - O maior gênio que andou por nossas terras foi o jesuíta Antônio Vieira, do qual estamos comemorando os 400 anos de seu nascimento. Imperador da nossa língua, segundo Fernando Pessoa, foi mais brasileiro do que português. Será redundante comentar sua personalidade e sua obra. Pinço apenas um pequeno trecho de um de seus sermões: “Isto foi o que Cristo disse. Atentai agora para o que ele não disse”.

  • Lagostas e frangos

    Folha de S. Paulo (SP), em 31/08/2008

    RIO DE JANEIRO - Se o Supremo Tribunal Federal, ocupando o vácuo legislativo, se preocupa com o uso das algemas, nada demais que a mídia se interesse pela palpitante questão do cardápio servido a um banqueiro que está na prisão esperando julgamento.

  • Uma novidade atrás da outra

    O Globo (RJ), em 31/08/2008

    Não que eu goste tanto atualmente, embora seja viciado, mas todo dia me vejo na obrigação de ler uma porção de jornais, catando assunto sobre o qual lançar a luz do meu entendimento, ou - hélas! - no ver de muitos, as trevas de minha burrice. Mas hoje não. Hoje tem uma pilha de jornais virgens aqui na mesinha atrás de mim. Como metaforizaria um mestre qualquer da nossa prosa cotidiana, não é que me falte o Viagra da curiosidade e do interesse pelo que se passa no mundo, mas me sobeja vasto harém de fatos notáveis, momentosos, assombrosos e semelhantemente adjetiváveis, de maneira que se requer grande virilidade cívico-jornalística de minha parte e, já no avançado de minha idade, sou forçado a obedecer a naturais limitações.

  • Depois do fundamentalismo ambiental

    Jornal do Commercio (RJ), em 29/08/2008

    No quadro, hoje, do desenvolvimento sustentado vencemos uma nova barreira qual a do fetichismo ambientalista. No âmbito ainda de uma maturação cultural é conhecido o fenômeno da sofreguidão em nos apossarmos, numa primeira sideração dos reclamos das ditas linhas de ponta da civilização ou da modernidade. Ao avançarmos na consciência cívica nacional assumimos a defesa dos direitos humanos, seguido das exigências sociais, da luta contra a exclusão e o empenho da desconcentração da riqueza, herdada ainda da nossa velha condição semicolonial.

  • A vingança do homem invisível

    Folha de S. Paulo, em 25/08/2008

    Grupo cria material para invisibilidade. Quando a personagem Mulher Maravilha apareceu em gibis pela primeira vez, pilotando um avião invisível, em 1942, a tecnologia para anular a imagem de um objeto ainda era algo impensável. Um estudo agora publicado, porém, mostra que a tarefa já é possível. Construir aquela aeronave, que saiu dos quadrinhos para se tornar o sonho dos militares, pode ser agora só uma questão de tempo. Projetando um material especial que é capaz de desviar raios de luz de uma maneira inusitada, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia obtiveram, pela primeira vez, um objeto capaz de dobrar a luminosidade "para trás", criando a invisibilidade. Folha CiênciaAvisado de que muitas empresas estavam interessadas na nova tecnologia da invisibilidade, o pessoal do laboratório resolveu apressar o ritmo das pesquisas. Trabalharam dia e noite e por fim conseguiram o seu objetivo: uma espécie de vestimenta que cobriria uma pessoa da cabeça aos pés e que, desviando qualquer luminosidade, tornaria essa pessoa invisível.

  • Memória de Caymmi

    O Globo (RJ), em 24/08/2008

    Infelizmente, a linguagem é linear e as coisas têm que ser contadas em sucessão - Que fazer, a gente vive no tempo - há sempre um "antes", um "durante" e um "depois" - Mas eu gostaria que fosse possível fotografar uma amizade de mais de quatro décadas, como a de Dorival Caymmi comigo. Não filmar, cujo resultado, por mais que inventem truques engenhosos, tampouco escapa da linearidade, mas fotografar mesmo. É como se tudo pudesse ter sido simultâneo, do jeito em que agora está na minha cabeça. Não me ocorre uma sucessão ou conjunto de fatos, me vem somente uma espécie de claridade alegre, risonha, festeira. E não há como transmitir isso a ninguém.

  • Cara inchada

    Folha de S. Paulo (SP), em 24/08/2008

    RIO DE JANEIRO - Bateu fundo no orgulho nacional a derrota do Brasil frente a Argentina por três a zero -uma goleada light, mas que não deixa de ser uma goleada. Pior mesmo é que a nossa seleção, na opinião de Maradona e na opinião de muitos interessados (que somos todos nós), nunca se apresentou tão desfalcada de craques, sem falar na ausência dos supercraques que o mundo se habituou a admirar com a camisa amarela.

  • A miniaturização da vida

    Zero Hora (RS), em 24/08/2008

    No final deste notável romance que é Caminhos Cruzados, de Erico Verissimo, Clarimundo, professor de matemática, resolve tocar um projeto antigo: escrever um livro em que um ET relatará como vê o nosso mundo e a humanidade. Começa, naturalmente, pelo prefácio, onde se queixa de que a vida é chata, monótona. Da janela de seu quarto, prossegue o professor, ele vê numerosas pessoas, empenhadas no “ramerrão cotidiano”. Entre parênteses, são estas as pessoas cujos dramas, tragédias e comédias Érico acabou de narrar nas 286 páginas precedentes. Mas, diz Clarimundo, “debalde os romancistas tentam nos convencer de que a vida é um romance”; ele simplesmente não acredita nisso. Ao terminar o prefácio, Clarimundo tem um sobressalto: na chaleira que deixou no fogão, a água ferve, “a tampa dá pulinhos, ameaçando saltar”. Num pulo, Clarimundo tira a ameaçadora chaleira do fogo. “Quase me acontece um desastre!” – pensa.

  • As Guerras Púnicas e Elis Regina

    Folha de S. Paulo (SP), em 22/08/2008

    A QUEM atribuir a terrível mácula de colocar palavras e expressões inglesas no vocabulário de consumo? Antigamente, uma minoria de baianos e a maioria dos advogados apreciavam locuções latinas, os "ipso facto", "data vênia", "mens sana in corpore sano" e, sobretudo, os "sine die" e os "sine qua non". Eram abrolhos de nossa formação bacharelística, de nossa retórica provinciana. Restou o habeas corpus, que se incorporou ao vernáculo e tem largo uso nos dias que correm.

  • Nasce a República de Santa Cruz

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/08/2008

    A gravidade da crise boliviana tem a virtude de abrir uma brecha inovadora no processo político latino-americano. Claro, corremos o risco da primeira fratura de um país, desde a sua independência no século XIX. Estão em causa aí diferenças básicas de identidade, entre a matriz andina, no seu contexto Aimara, e a larga região de Santa Cruz, e da Media Luna, toda ela voltada para a plantação e a atividade extrativa, e responsável por 70% do produto nacional. Nela, se assenta a clássica economia de exportação, ao gosto e às exigências neoliberais dos mercados emergentes com a globalização.

  • O racha das duas Argentinas

    Jornal do Commercio (RJ), em 15/08/2008

    Por um voto, o racha entre as duas Argentinas foi a favor da manutenção do status quo do velho regime. Voto esse, inclusive, não de oposicionistas entranhados, mas do próprio vice-presidente, numa decisão agônica, que vai ao fundo do eixo da coalizão no governo Kirchner. De há muito o justicialismo errava por entre equívocos como o do governo Menem, mas mantinha o impulso final histórico, da busca do outro país, frente a um dos establishments mais ferrenhos e implacáveis de toda a América Latina.

  • O que é legal no aprendiz

    Jornal do Commercio (RJ), em 18/07/2008

    Somos uma nação novidadeira. Se o Brasil estivesse na Europa, certamente a nossa vida seria muito mais monótona. Talvez mais confortável, mas com menos graça. Onde colocaríamos a imensa criatividade do nosso povo?

  • Um verbo para começar o ano

    Zero Hora (RS), em 31/12/2007

    O fim do ano é uma época associada à conjugação quase obrigatória de certos verbos: recordar, avaliar, adivinhar, prever. Ocorre-me que um outro verbo pode se juntar a estes. Antes disto, porém, deixem-me contar para vocês uma história que começou num 1º de janeiro.