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ABL na mídia - Terra - O imortal da ABL que garimpou obras raras de Shakespeare: 'Minha biblioteca é uma sessão espírita'

 

Shakespeare está por todos os lados na biblioteca de José Roberto Castro Neves. O advogado e escritor, que há cinco meses foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, é o maior colecionador de obras do autor inglês (ou sobre ele) no País. É, também, autor de um livro sobre o bardo - Shakespeare Ontem, Hoje e Amanhã, e Amanhã, e Amanhã, além de outros títulos sobre História e Direito. 

Neves estima ter 20 mil livros espalhados por toda sua casa no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro, dos quais cerca de um terço são exemplares do dramaturgo ou da crítica shakespeariana. "Tem coisas bem antigas, obviamente muitos livros já usados. Eu gosto de comprar livro em sebo", explica. 

O advogado também herdou, por exemplo, boa parte da coleção de Barbara Heliodora, considerada a maior especialista brasileira em Shakespeare, que morreu há uma década. "Ela tinha tudo. Foi uma grande shakespeariana", relembra o advogado. 

Mas também chegaram à sua estante obras que pertenceram a desconhecidos. Ele mostra, por exemplo, um volume de George Steevens e Samuel Johnson e diz: "Olha que curioso. Aqui tem escrito à mão o nome de quem foi possivelmente a primeira dona desse livro. Foi essa Mrs. Trevenek, em 1782?.

Shakespeare, do direito à música

Entre as raridades de seu acervo, Neves destaca livros como As Heroínas de Shakespeare, livro do século 18 com gravuras à mão de personagens como Catarina, de A Megera Domada, ou Jessica, de O Mercador de Veneza. 

"Tem também algumas obras divertidíssimas", lembra o advogado ao citar The Birds of Shakespeare, livro de James Edmund Harting publicado em 1871 e que detalha os pássaros descritos pelo dramaturgo inglês em suas criações. 

São prateleiras inteiras dedicadas a peças como Hamlet, Otelo e Romeu e Julieta. Uma paixão que Neves conseguiu agregar a outros interesses pessoais. Professor de Direito Civil há três décadas, ele entendeu que Shakespeare poderia ser uma arma poderosa em sua estratégia didática. "Quando eu estava contando uma coisa em sala de aula e começava a falar uma história qualquer, eu percebia que a atenção toda ficava magnetizada." 

Assim as peças de Shakespeare foram incorporadas às aulas e se tornaram objeto de estudo em Medida por Medida: O Que o Bardo Nos Ensina Sobre Justiça, livro de Neves publicado em 2019. 

"Shakespeare tinha muito Direito, porque ele se valia muito do desse recurso que é o julgamento. Todo mundo quer saber como acaba o julgamento. Então você paralisa a atenção do espectador. E ele conhecia muito os termos técnicos, jurídicos. Eu, como gostava muito e conhecia as peças, decidi fazer um trabalho sobre isso. E foi muito bem. E aí começam vários outros", diz o escritor. 

Neves estabeleceu uma conexão bem menos usual, pelo menos à primeira vista, quando escreveu Shakespeare e os Beatles: O Caminho do Gênio. Fã do quarteto britânico, o escritor carioca também tem um espaço 'beatlemaníaco' na biblioteca, com obras como Beatle vs. Stones e livros sobre Paul, Ringo, John e George.

Inspirações brasileiras e sua própria ficção

Com Ozymandias, seu livro mais recente, José Roberto Castro Neves estreou na ficção. O romance lançado no primeiro semestre tem inspiração na tragédia grega e traz uma série de referências literárias, que aparecem nas estantes de sua biblioteca. "Sou muito favorável que as pessoas leiam os clássicos. Acho que isso ajuda muito a gente a manter aqui a nossa sociedade coesa", diz. 

Da literatura nacional, Neves destaca Machado de Assis como o maior escritor do século 19 e Guimarães Rosa como o grande nome do século 20. "Quem não leu Guimarães, precisa parar tudo, jogar tudo para o alto e ler agora". 

Os olhos de Neves também brilham para Erico Verissimo, em especial Incidente de Antares (1971). "Esse é um livro que eu tenho fascinação", comenta.

Neves define seu ritmo de leitura como 'totalmente caótico'. "Eu leio um montão de coisas. Essa noite, curiosamente, eu acabei de ler o novo Asterix. Acho um barato", conta o escritor. Ele também destaca a leitura recente de Trincheira Tropical, livro de Ruy Castro, sobre os efeitos da Segunda Guerra Mundial no Rio de Janeiro. "Extraordinário", define. 

Matéria na íntegra: https://www.terra.com.br/diversao/o-imortal-da-abl-que-garimpou-obras-raras-de-shakespeare-minha-biblioteca-e-uma-sessao-espirita,7aa69332cc6259bfb6658b6f22ce5536w91hx9pp.html

03/11/2025