O imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Paulo Henriques Britto, o poeta Fabrício Corsaletti e o ilustrador e quadrinista Caco Galhardo estiveram nesta quinta (19) n’A Feira do Livro 2025, em um bate-papo mediado por Sofia Mariutti, escritora e editora da Tinta-da-China Brasil. Os convidados conversaram no Espaço Rebentos sobre seus títulos mais recentes e compartilharam os desafios de mergulhar no universo literário das infâncias.
Em abril, Britto lançou o infantil As incríveis aventuras do super-herói Cupcake Gigante e seu fiel escudeiro Jarbas, com ilustrações de Galhardo, e em dezembro do ano passado, Fabrício Corsaletti publicou O livro dos limeriques, com ilustrações de Yara Kono, todos pela Editora 34. Contrariando o senso comum, os autores discordaram de que a literatura infantil seja uma preparação para a adulta. “Na verdade, é muito mais o inverso”, dizem.
Rimas malucas
Durante a mesa, os três divertiram a plateia ao lerem trechos de seus livros. Corsaletti explicou a forma dos limeriques — o poema de cinco versos em que os dois primeiros versos, assim como o último, têm a mesma métrica e rimam entre si — e revelou o processo de criação das rimas que arrancaram gargalhadas do público: “Eu faço qualquer coisa para dar certo [a rima]. Se pudesse comprar, eu comprava. Até olho no dicionário de rimas, mas tento evitar algumas que sejam óbvias. Fico procurando palavras um pouco estranhas”, contou.
Para Galhardo, o estilo das rimas de Corsaletti estimula o espírito criativo das crianças: “Fabrício é um poeta corajoso. Essa liberdade de botar uma rima que pode soar esquisita, mas ele se garante com aquilo. Para a criança isso é muito legal. Esse é o momento de a criança se libertar, porque o aprendizado é muito regrado”, comentou. O escritor e tradutor contou o que está por trás de uma rima boa: “É aquela que vai levar o poema para um lugar para o qual ele não iria se não fosse aquela rima”.
Além de fazer rir crianças e adultos ao contar os nomes criativos do Cupcake Gigante, da Queijadinha Quitéria e do Brigadeirão, Britto matou a curiosidade daqueles que se perguntavam a razão de um título tão grande para o livro. Não apenas o nome de As incríveis aventuras do super-herói Cupcake Gigante e seu fiel escudeiro Jarbas é inspirado nos contos de Dom Quixote, como também os personagens principais, Cupcake e Jarbas, possuem uma relação muito parecida com a de Quixote e Sancho — em que um representa a razão e o outro a emoção.
Escrever para infâncias
Tanto Galhardo quanto Britto decidiram se aventurar na literatura infantil por influência das crianças que tinham em casa. Enquanto o quadrinista se aventurou por essa literatura após se tornar pai, o escritor teve a ideia do livro quando passou um tempo com Antonio, seu neto, durante a pandemia: “Meu neto pediu um cupcake, fui tirar uma foto e ele ficou pequeninho na foto, e o cupcake saiu gigante”.
Desde então, Antonio é o principal critério de avaliação de Britto. “Se ele gosta da ideia do conto, eu escrevo”, disse. Segundo Galhardo, a aprovação das crianças mora na simplicidade: “As crianças gostam dos adultos que são naturais, que não bancam o idiota com elas”.
Escrever livros infantis é também uma forma de se libertar das autocríticas excessivas que surgem quando se escreve para adultos, opina Corsaletti. “Com crianças, minha única preocupação é não ser chato. Também me preocupo em não ser chato com adulto, mas sei que é impossível”, brinca o poeta.
Matéria na íntegra: https://quatrocincoum.com.br/noticias/a-feira-do-livro/a-feira-do-livro-2025/paulo-henriques-britto-fabricio-corsaletti-caco-galhardo-e-suas-rimas-esquisitas/
25/06/2025
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