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Artigos

  • José Paulo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/12/2004

    Sem repercussão na mídia, morreu nesta semana o poeta e pintor José Paulo Moreira da Fonseca, um dos expoentes da geração de 45 na poesia e um dos pintores mais valorizados nas artes plásticas, com suas portas que foram abrigadas em grandes museus e nas coleções particulares mais sofisticadas.

  • Casa-da-mãe-joana

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/12/2004

    O sistema partidário brasileiro só não está no fim porque nunca existiu. O Brasil jamais conviveu com a presença de partidos fortes, nacionais, com espaços ideológicos próprios e quadros criados através da militância. A hierarquia na política não é vertical, é horizontal. Vão tomando a frente aqueles que, pela capacidade de liderança, se vão impondo e, através do respeito e da capacidade, podem tomar decisões e ser obedecidos e seguidos.

  • A claridade última de José Paulo

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 10/12/2004

    Na perfeição do silêncio entrado na madrugada, deparamos a face de José Paulo Moreira da Fonseca, já, de outra paz, as mãos transparentes e vigorosas postas em sossego, o poeta-artesão e o pintor do encaixe; do tom como da elisão do verso. Morria no Botafogo de toda a sua mocidade; da primeira turma da PUC, dos formados em Direito, saídos do Palacete Joppert, em São Clemente, dos jardins cuidadosos, pisados pela universidade que começava.O bar do Cardoso, da primeira esquina, reunia esta quase meninada, do começo do debate do existencialismo; da lufada católica do neotomismo, de Maritain e do nosso Dr. Alceu; dos caminhos da fé de Bernanos ou Gabriel Marcel. José Paulo, de todos nós, tinha a casa mais próxima, à dos pais, Dr. Joaquim e D. Dulce.

  • O médico e os monstros

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/12/2004

    O médico Drauzio Varella, que se tornou um dos maiores escritores do nosso tempo, após publicar livros e artigos sobre a saúde e sobre os doentes, ele próprio caiu doente, se não me engano com uma das formas de hepatite.

  • A fome zero

    Diário do Comércio (São Paulo), em 09/12/2004

    Temos teoria firmada, a fome só será vencida pelo desenvolvimento, sobretudo no esquecido Nordeste, dos açudes privilegiados, das secas que enriquecem malandros e outras formas de desviar o dinheiro destinado a obras de importância inadiável, mas adiadas há um século. A fome zero, do grito de arranque, sem dúvida de curto vôo, do presidente Lula da Silva, quando tomou posse, o mundo inteiro repetiu seu grito, todos os jornais o elogiaram e, finalmente, não temos mais ouvido falar da fome.

  • Réquiem para Celso Furtado

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 08/12/2004

    Estes últimos seis anos têm sido muito cruéis para a nossa Academia Brasileira de Letras. Nesse período perdemos alguns acadêmicos emblemáticos: Antônio Houaiss, Herberto Sales, Dias Gomes, Carlos Chagas, Geraldo França de Lima, Rachel de Queiroz, Raymundo Faoro, Evandro Lins e Silva, o Cardeal Dom Lucas Neves, Barbosa Lima Sobrinho, Roberto Campos, Roberto Marinho e agora Celso Furtado, que morreu no dia 20 de novembro, aos 84 anos.

  • O viaduto e sua circunstância

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/12/2004

    Pessimista por ofício e gosto, sempre imagino e espero coisas piores, que geralmente acabam me acontecendo. Já vi tantas desabarem sobre os outros, e sobre mim mesmo, que nada me espanta nem mortifica. Tomo cuidado, pisando de leve na vida e no mundo.

  • Equívocos de Castelo Branco

    Diário do Comércio (São Paulo), em 08/12/2004

    Não sei quem inspirou o presidente Castelo Branco, nos idos de outubro de 1964, para ser baixado um decreto pondo fim aos partidos políticos que dominavam a cena da representação. Castelo, de uma penada, encerrou as atividades do PSD, da UDN, do PTB e de outros partidos, mas, sobretudo, dos que já estavam institucionalizados, que eram, exatamente, os principais, o PSD, de predominância mineira, a UDN com grandes figuras da política da época, e do PTB, embora já estivesse esse partido dividido.

  • Do brasileiro quando jovem

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 07/12/2004

    Esta nossa língua portuguesa, que do português nos veio, apanhando palavras aqui e ali, tirando-as dos africanos, que trabalhavam por nós, da população indígena que nos cercava e nos inculcava hábitos e sentimentos, inclusive de comer, de andar pelas matas, de se absorver no verde circundante, esta língua criou e continua criando obras escritas que falam por nós e nos representam. Depois dos versos de Jorge de Lima e da prosa de Guimarães Rosa, atravessamos o Rubicão e gritamos nossa liberdade de ir e vir no meio das palavras, das sílabas e dos sons e ganhamos um modo nosso de dar nomes às coisas.

  • O melhor verso

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/12/2004

    Faz tempo, fizeram um concurso para se saber qual o verso, isolado, que deveria ser considerado o mais bonito da literatura brasileira. Ganhou, acho que disparado, aquele verso de Castro Alves: "Auriverde pendão da esperança".

  • Piedade para o planeta

    Diário do Comércio (São Paulo), em 07/12/2004

    O professor Edgar Morin é conhecido no Brasil, não só por suas obras, que são numerosas, como por ter estado na Universidade Cândido Mendes, dando conferências sobre a crise planetária da qual já tanto nos habituamos que não a percebemos como antes, se não nós, os nossos antepassados. Escritor prolífico e bem orientado nas suas reflexões sobre o planeta, acaba de conceder à revista Le Point , uma entrevista arrepiante, tais as suas conclusões.

  • Estamos perto do lingüicídio?

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 06/12/2004

    Há muitos brasileiros preocupados com o destino da língua portuguesa, ainda hoje inculta e bela. Se há um propósito deliberado de assassinar o português, não se pode garantir que o caminho inexorável seja o nosso improvável lingüicídio. Até porque registram-se reações muito importantes ao aparente descaso com que a matéria é tratada.

  • O filme predileto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/12/2004

    Sábado de dezembro, em frente à árvore de Natal, aqui na Lagoa. Na igreja de São José, redonda, paredes de vidro, o casal celebra bodas de ouro, filhos, netos, parentes. De repente, as paredes ficam estilhaçadas. Todos se deitam no chão, padre, sacristão, fiéis e infiéis.

  • Jovens delinqüentes

    Diário do Comércio (São Paulo), em 06/12/2004

    Quem acompanha o noticiário policial, para saber como andar nas ruas e em que ruas andar, para saber, também, como agem os criminosos, alguns condenados a penas altas, mas desfrutando de liberdade nas ruas, deve estar impressionado com o número de jovens que se tornam criminosos, inúteis, portanto, para a nação. Não há dia sem que um ou mais jovens praticam assaltos, nas ruas, nos ônibus, nos pontos de aglomeração, sobretudo na avenida Paulista, quando ali falta o policiamento.

  • Eles cuidam de nós

    O Globo (Rio de Janeiro), em 05/12/2004

    Já vivemos tempos mais chiques, em que artigos de jornal às vezes ostentavam epígrafes em língua estrangeira, sem tradução. Senti um pouco falta desses tempos agora, porque quis tacar aí em cima a epígrafe que, de qualquer forma, taco aqui embaixo, embora assim não seja mais epígrafe: will wonders never cease ? - jamais cessarão as maravilhas? É o que me pergunto, mais uma vez, ao tomar conhecimento das medidas que vêm sendo adotadas para nossa segurança, bem como dos conselhos que a experiência e o know-how (lá vem inglês de novo, devo ter-me exposto em excesso ao sereno na Barra da Tijuca) das nossas autoridades nos ditam. É uma demonstração cabal de que, ao contrário do que espalha a canalhocrática mídia, está tudo sob controle e nossa segurança, na verdade, só depende de nós mesmos.