
Os prêmios e a valorização do escritor
Um dos mais ameaçadores adjetivos que, de vez em quando, rondam a vida de um escritor é ''simbólico'', sobretudo quando antecedido das palavras ''cachê'', ''pro-labore'' e similares. Para as intervenções de outros profissionais na esfera da arte, costuma-se estipular um pagamento, maior ou menor, sem que seja necessário recorrer ao anteparo do famigerado adjetivo. Porém, a ''remuneração'' do escritor que participa de um evento (em que ele mesmo, não raro, é a principal atração) às vezes reduz-se a uma cama de hotel, a um café da manhã, a uns trocados para o deslocamento - e estamos conversados. Mal lido e não pago, o autor brasileiro encontra poucos estímulos para a difusão e o conseqüente reconhecimento de sua obra, a partir da própria desconsideração e do viés amadorístico com que seu ofício é tratado.