
Porque amamos os homens
Uma amiga minha, Julia, me enviou o texto a seguir. Quando tentei entrar em contacto com ela para saber se era de sua autoria, ela viajou e não sei exatamente quando volta.
Uma amiga minha, Julia, me enviou o texto a seguir. Quando tentei entrar em contacto com ela para saber se era de sua autoria, ela viajou e não sei exatamente quando volta.
RIO DE JANEIRO - Nunca é tarde para aprender alguma coisa a respeito dos outros e de si mesmo. Sempre impliquei com o fato de existirem pobres e milionários, e muitas vezes me perguntei porque não era milionário. Li biografias dos grandes magnatas e entendi a razão da mediocridade de minha vida e de minha pecúnia. Rockefeller vendia perus na adolescência, terminou dono da Standart Oil Co. Onassis catava guimbas de cigarros em Buenos Aires e terminou casado com a viúva de Kennedy.
Aqui estou, em mais um titânico esforço de reportagem deste periódico, depois de uma situação calamitosa, tudo fazendo para proporcionar aos nossos ávidos leitores uma cobertura tão completa quanto possível dos acontecimentos alarmantes que se sucederam vertiginosamente, a ponto de havermos temido o pior. Conferenciei com um vizinho, que é da Europa Oriental e, no primeiro momento, se encontrava trêmulo e pálido. Comunicamo-nos em inglês, já que ele fala uma variante de um dialeto servo-croata-montenegrino, ou algo assim, ou então estava uivando mesmo, nunca saberei.
A prece do mestre sufi Dhu 1 Num, egípcio, que morreu no ano de 861 a.C., no Egito: “Ó Deus, nunca presto atenção às vozes dos animais ou ao ruído das árvores, ao murmúrio das águas e ao gorjeio dos pássaros. Mas percebo nelesum testemunho da Tua unidade. Ó Deus, reconheço-Te na prova da Tua obra e na evidência de Teus atos. Consente, ó Deus, que Tua satisfação seja minha satisfação. Que eu seja Tua alegria, aquela alegria que um pai sente por um filho. E que eu me lembre de Ti todas as vezes que Te sentir, com tranqüilidade e determinação.”
O jovem disse ao abade zen: “Tudo o que meu pai me ensinou foi jogar xadrez”. Ele pediu um tabuleiro de xadrez, chamou um monge e mandou-o jogar com o rapaz. Acrescentou: “quem perder morrerá”.
Nos últimos 20 anos no país, a taxa de violência aumentou de 77%, atingindo hoje a média de 50 mil pessoas por ano. O incremento é dos mais perturbadores e se choca com os demais índices que hoje situam o Brasil em ganho crescente de prosperidade e bem-estar social. Banaliza-se o crime, mas amadurece a mídia em noticiá-lo. Perde o caráter de sensacionalismo e começamos a agendar um alerta, e uma política pública nesta área crítica da mudança. Ao mesmo tempo, a repetição do evento vem anestesiando a sua repercussão e leva a uma retórica do conformismo na civilização de massa dos nossos dias. É o que induz à pergunta, qual é o nível de tolerância com a desordem, e qual é a temperatura mediática, afinal, para enquadrá-lo nas manchetes, reduzi-la a um estereótipo e, para muitos, como acidentes do progresso, e não afronta continuada à nossa humana condição? De toda forma, no mundo mediático a violência já perde toda a condição de impacto direto sobre a opinião pública, tendo-se em vista o seu potencial mercadológico ainda de sensação, ou o migrar para outro registro de interesse coletivo.
Quando passou o homem a escrever em versos? Ou a pensar em verso? Ou a engenhar uma frase mais longa e parar no meio? Houve talvez, nele, a necessidade urgente de respirar antes de ir em frente com o que desejava dizer? A explicação grega, para o fenômeno do verso, é simples e clara. Foram os autores de teatro que impuseram uma pausa, depois de eles atravessarem o proscênio do palco de uma extremidade a outra - ou então os próprios atores hajam resolvido fazer uma pausa a cada travessia do palco, ao mesmo tempo em que diziam o texto, de modo que o resto desse texto ficasse para o retorno à extremidade anterior.
Hoje à noite, na Reitoria da UFRGS, estarei dividindo o palco desta fantástica maratona cultural que é o Fronteiras do Pensamento com a escritora norueguesa Asne Seierstad. Estou grafando o nome dela (que, informaram-me, pronuncia-se "Osne") de forma errada: falta um sinal gráfico, uma espécie de bolinha, em cima do A, e enquanto eu não tiver um teclado norueguês o erro será inevitável. Mas é um alívio, para quem, como nós, tem de lidar com tantos acentos. Já imaginaram se, além da crase e do circunflexo, tivéssemos de colocar também bolinhas sobre as letras? Passaríamos o resto de nossas vidas às voltas com essa tarefa.
Não podemos esquecer que, nem sempre as coisas acontecem como nós queríamos. Existem momentos, por exemplo, em que buscamos por alguma coisa que não está reservada para nós. Ou então esperamos por certos milagres que não se manifestam. Por um lado, ainda bem: se todas as coisas e acontecimentos andassem como nós queremos, não teríamos mais nenhum assunto. Quando estivermos diante de situações desagradáveis que não conseguimos ultrapassar, relaxemos. O Universo continua trabalhando por nós em segredo.
São incontáveis as vezes em que escolas públicas brasileiras precisam cerrar suas portas, como se estivéssemos numa guerra
Poderiam descobrir-se mutuamente, poderiam constatar que haviam sido feitos um para o outro
Diante do espelho reparamos sempre em pequenos detalhes: mudanças na pele, o cabelo despenteado as rugas do rosto, a roupa amassada... É raro olharmos o fundo de nossos olhos. Você já experimentou, na frente de um espelho, esquecer os detalhes citados acima e fazer isto? Perceber o que está dentro de si mesmo esquecendo a estética? A imagem irá contar histórias que você não sabe, a respeito de quem está do outro lado. Depois de um certo tempo, você termina descobrindo que a pessoa que lhe devolve o olhar tem um mistério a ser cumprido.
-Bernd, você toma sua cerveja aí e eu fico aqui quieto. Você não se esqueceu do que aconteceu na Copa? Se não seguram aquele francês, eu hoje no mínimo estaria enterrado no Túmulo do Torcedor Desconhecido.
RIO DE JANEIRO - O pessoal do governo e da base aliada encontrou um argumento para justificar a prorrogação da CPMF por mais alguns anos. Descobriu que nenhum país pode dispensar o reforço de 40 bilhões da moeda local em seu orçamento de cada ano. Convenhamos, é dinheiro pra burro, mas ainda pouco para atender às necessidades nem sempre necessárias de um governo caótico no que se refere às aplicações de verbas.
O rabino Yannai costumava dizer: “Não há nenhuma maneira de explicar a prosperidade dos malvados ou o sofrimento dos justos. Tudo que nos é pedido é que procuremos a justiça. A realidade é mais complexa do que gostaríamos que fosse. Se ficarmos insistindo para que tudo tenha sentido, terminaremos desesperados. A realidade não pode ser arada com a fita dourada do moralismo. A realidade é maior do que nossa visão de certo ou errado. Onde pudermos lutar pela justiça, lutemos. Onde somos confundidos por uma verdade além de nossa compreensão, procuremos fazer o melhor”.