Secretária municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, professora titular do Instituto de Matemática da UFRJ, Tatiana Roque fará, na próxima quinta-feira, dia 11, às 17h30 a palestra “O demônio de Turing: inteligência artificial entre o hype e a realidade”, com coordenação do Acadêmico Edgard Telles Ribeiro, quando explicará como a inteligência artificial pode confundir simulação com pensamento humano, refletindo sobre seus limites, e o entusiasmo em torno da tecnologia.
A entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/o-demonio-de-turing-inteligencia-artificial-entre-o-hype-e-a-realidade-616659, com transmissão ao vivo pelo canal da ABL no YouTube pelo link: https://www.youtube.com/live/csquKpZb_kg?si=g3IEDZuaBf7keaS-
Tatiana vai analisar os desafios e os riscos da interpretação da inteligência artificial apenas pelas máquinas. Como a percepção comum pode nos levar a avaliar a inteligência humana com base em simulações artificiais, confundindo habilidade técnica com capacidade criativa ou crítica?
Por meio de exemplos históricos, como o flautista autômato de Vaucanson e o Turco Mecânico, ela vai mostrar como, em diferentes épocas, máquinas foram disfarçadas para parecer humanas e, em outros casos, humanos para parecer máquinas.
Vaucanson foi um inventor francês que criou vários dispositivos mecânicos que replicavam funções biológica vitais, como circulação, respiração e digestão. Em 1737, construiu O Flautista – uma figura do tamanho real de um pastor que tocava a “flauta de tambolieiro” e tinha um repertório de 12 músicas. Vaucanson usou pele nas mãos para que elas ficassem flexíveis para tocar a flauta corretamente.
O Turco Mecânico foi uma máquina de jogar xadrez supostamente provida de inteligência artificial construída na metade do século XVIII por Wolfgang von Kempelen. Na verdade, o Turco era uma farsa, era uma ilusão mecânica que permitia a um jogador escondido operar a máquina. Deste jeito, venceu a maioria dos jogos que disputou em demonstrações na Europa e América por quase 84 anos, inclusive contra Napoleão Bonaparte e Benjamin Franklin.
A análise de Tatiana incluirá também o Teste de Turing – um experimento de inteligência artificial feito por Alan Turing em 1950 para avaliar se uma máquina conseguiria exibir comportamento inteligente indistinguível ao de um ser humano, através de uma conversa com um interrogador.
Tatiana quer mostrar que a validação da inteligência artificial muitas vezes depende da impressão de jurados leigos, sem explorar o que significa realmente pensar e que o entusiasmo em torno da IA generativa pode reforçar essa confusão, desviando a atenção do potencial humano para questionar, criar e ir além do senso comum.
Ela quer provocar uma reflexão crítica sobre os limites da inteligência artificial e sobre como podemos compreender de forma mais profunda a própria inteligência humana.
Na próxima quinta-feira (18), dando continuidade ao Quinta é Cultura, a doutora em literatura comparada pela UFF Lúcia Bettencourt realizará a palestra “Teias, tramas e patranhas: o feminino e o masculino na Odisseia”, às 17h30.
Sobre Tatiana Roque
Tatiana Roque é Secretária Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, vereadora do Rio de Janeiro e professora titular do Instituto de Matemática da UFRJ.
Autora de "História da Matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas" (Zahar), ganhador de um Jabuti em 2013, e de "O Dia em que Voltamos de Marte" (Planeta), finalista do Jabuti em 2022.
27/08/2025