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Artigos

  • Eleições livres e democracia profunda

    Vem a furo esta semana o segredo de Polichinelo, de que Chávez muda a Constituição para reeleger-se permanentemente à Presidência da República. No quadro internacional de hoje os países resistentes à hegemonia americana ganharam a legitimidade inicial das eleições livres. Mas, à sua consolidação por uma democracia profunda, preferiram um retomo à condição plebiscitária de mobilização popular no confronto ao Salão Oval.

  • O mundo no vermelho

    O nosso DC deu o título exato à situação econômica do mundo. Todos nós estamos no vermelho! No comentário que dediquei à crise americana, tive oportunidade de citar a entrevista do economista Nuno Câmara publicada por O Globo , onde ele dizia que o Brasil mantém grandes investimentos imobiliários e que poderia ser afetado pela crise decretada nos EUA, com os seus títulos imobiliários encalhados nos bancos pelos incorporadores inadimplentes.

  • A rebelião dos macacos

    Terminou em impasse a audiência pública promovida pela Secretaria do Meio Ambiente de Uberaba (MG) para decidir o futuro de Chico, macaco-prego que vive no parque Mata do Ipê. Ele é acusado de invadir um prédio público, de furtar e destruir objetos e documentos. Cotidiano, 11 de agosto de 2007

  • O relaxogozismo num boteco do Leblon

    -Tu tá bem, cara, tu tá muito bem. Há muito tempo que não te vejo assim tão bem e com a cara tão alto astral. Tudo isso é o Botafogo? Tem razão, é preciso valorizar as raras alegrias da torcida do teu time. O Botafogo...- Qual é, cara, deixa o Botafogo pra lá, ainda mais tu, na tua condição de membro das Viúvas do Joelho do Obina, não tou pensando em futebol. Eu concordo com você que estou bem melhor, parei com aqueles grilos todos, agora vivo calmíssimo, quase zen. Não é só você, não, tá todo mundo notando. Lá em casa, aliás, o clima mudou completamente, está um verdadeiro paraíso. Você veja como é a vida. Tudo isso somente por uma questão filosófica. Depois dizem que a filosofia não tem importância na vida prática. Só tem, cara, tu tá vendo aqui o resultado, só tem.- Não saquei direito, tu tá estudando filosofia?- Não, assim com livro, formalmente, não. Mas, de certa forma, estou. De uma forma prática, quer dizer, praticando uma filosofia.- Tu leu aí algum livro de auto-ajuda? Se leu, me diz qual é, que eu sou vidrado em livro de auto-ajuda. É esse americano novo, do Querer Supremo? Esse a Glorinha já comprou e eu...- Tem nada disso, cara, o brasileiro é muito colonizado, fica indo na desses gringos que não tão com nada, não tão por dentro da nossa realidade. Qual é Querer Supremo, cara, aqui mesmo, diante da gente, a solução já foi lançada e é de fato a melhor, não tem comparação. É que santo de casa não faz milagre, aliás santa. Acho que ela está sendo vítima de uma grande injustiça.- Que santa está sofrendo uma grande injustiça? Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil? Com certeza ela está sofrendo uma grande injustiça, ela não merecia isso, bem que podia ser um paisinho melhor.- Não, cara, eu falei santa no sentido figurado, tu tá é querendo curtir com a minha cara. Tu sabe a quem eu tou me referindo.- Não, juro que não sei.- Claro que estou me referindo à d. Marta Suplicy, a ministra.- Saaaaaanta?- Não, cara, pára com isso. Não é nada disso. Eu estou usando o ditado "santo de casa não faz milagre" para mostrar que, apesar de ser uma excelente filosofia, a que ela sugeriu, ninguém levou a sério, ninguém se deu ao trabalho de estudar as implicações e muito menos experimentar na prática.- Você quer dizer o "relaxa e goza"?- É, mas eu acho essa uma maneira vulgar de colocar essa filosofia.- Foi o que ela disse.- Sim, mas ela não tinha muito tempo para falar, teve de ser uma coisa sintética, para as massas. O que ela não contava era com a má vontade que demonstraram, só a posteridade fará justiça, infelizmente.- Qual é, cara, ela toda ótima, com cara de gozação, neguinho rolando pelo chão do aeroporto três dias e três noites e até morrendo, e ela rindo e falando relaxa e goza? Tu tá pirado? Te deram um emprego também?- Não, sério, há muita profundidade no que ela disse. E muito senso da realidade. Por que a gente persiste em querer uma porção de coisas para o Brasil que o Brasil nunca vai ter?- Bem, para começar, as reformas...- Tu ainda tá nessa de reforma, te sintoniza, cara, esse negócio de reforma é saudosismo de velho. O fato é que o Brasil é assim, ponto. Qual é o certo? É dar murro em ponta de faca? É se estressar a ponto de ter um treco?- Quer dizer que você está pregando o conformismo?- Absolutamente, estou pregando o realismo. Até porque também não é assim. No meio da esculhambação, sempre aparece alguém fazendo alguma coisa, vê agora o caso da crise aérea.- Tu acha que estão resolvendo a crise aérea?- Claro que estão. Vai demorar, mas vão resolver.- Eu devo estar errado, mas só vejo o ministro Jobim marchando pra lá e pra cá com cara de general MacArthur, dando entrevistas e reclamando do tamanho das poltronas dos aviões. É, de concreto mesmo só vejo esse negócio do tamanho das poltronas.- É um passo¡ É um passo¡ Roma não foi feita num dia, também não é assim. O tamanho das poltronas já é um passo. Tu não pensa grande, não vê adiante. Eu, com essa novidade das poltronas, já estou prevendo uma porção de coisas, inclusive econômicas e tecnológicas, com o Brasil saindo na frente.- Desculpa, mas tamanho de poltrona é alta tecnologia?- Na base da improvisação, não, é claro. Mas é um campo muito complexo e vai ter que ser criada uma ciência, com o Brasil saindo na frente disparado. Aqui vai ser o berço da Bundometria, vamos ter o Instituto Nacional de Bundometria e as Normas Bundométricas Nacionais, todo mundo vai importar nosso know-how. Pense, pense nas implicações de todos os tipos, no imenso mercado que se abriria para bundometristas e bundólogos com profissão regulamentada, mamatas novas para todo mundo, Bolsa Bunda, nunca se mediu tanta bunda na História deste país, especialistas em fraudar bundômetros e a CPI da Bunda Falsa, cara, o céu é o limite, tu não tá vendo? Tenha fé¡- Eu tou vendo é que desta vez tu é que tá curtindo com a minha cara. Eu te levando a sério esse tempo todo e tu me sacaneando.- Não tem nada de sacanagem, cara, eu já disse que sou realista. Se não for assim, vai ser parecido, vai por mim. Relaxa e goza, cara.

  • Até a tomada do poder

    RIO DE JANEIRO - O recorte do velho jornal não trazia data nem detalhes sobre a produção de uma peça que fez sucesso ali pelos meados dos anos 60. Não deu para identificar o autor, o diretor e os atores. Lembro vagamente que se tratava de um texto experimental e participante, tão participante que não deixou memória.

  • Arcadas, 180 anos

    A criação dos cursos jurídicos no Brasil - um em Olinda e outro em São Paulo - pela lei de 11 de agosto de 1827 foi um evento inaugural. Trouxe desdobramentos político-culturais que cabe relembrar e que vou discutir com foco no curso de São Paulo, que hoje integra a USP.

  • Sobre asas e raízes

    “Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes”, diz um provérbio. Existe um lugar no mundo onde nascemos, aprendemos uma língua, descobrimos como nossos antepassados superavam seus problemas. Num dado momento, passamos a ser responsáveis por este lugar. Precisamos de asas, que nos mostram os horizontes sem fim da imaginação, nos levam até nossos sonhos, nos conduzem a lugares distantes. São as asas que nos permitem conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles. Bendito quem tem asas e raízes; e pobre de quem tem apenas um dos dois.

  • Raciocínio

    Em meados de 1970, quando estava prestes a completar seu doutorado em física, o cientista Stephen Hawking – já então portador de uma doença que começava a paralisar seus movimentos – escutou um médico dizer que tinha apenas dois anos de vida. “Então posso tentar entender o Universo, porque não vou mais precisar pensar em coisas como aposentadoria e contas a pagar”, resolveu. Como a doença progredia rapidamente, foi obrigado a criar fórmulas simples para explicar, o quanto antes, tudo aquilo que pensava. Dois anos e meio se passaram, 20 anos se passaram. Hawking continuou vivo e foi responsável por uma nova visão da física moderna. A doença, ao invés de levá-lo à invalidez, forçou-o a descobrir uma nova maneira de raciocínio.

  • Festas do povo

    A memória da colonização brasileira, mantida em cada região através de livros, de monumentos, de festividades populares e de tradições religiosas, ajudou o País a preservar sua extensão geográfica e sua identidade nacional. A cada momento, nossa bibliografia no setor aumenta e vem revelar aspectos regionais em que essa realidade se afirma.

  • Cumbica atrasará vôos

    Segundo noticiário estampado na capa d' O Estado de S.Paulo , a partir desta semana Cumbica fechará a pista principal e os vôos deverão atrasar. Não se diga que vôos internacionais, por serem longos, anulam a canseira causada pela espera nos atrasos programados para a reparação da pistas. Ao contrário, quem vai ao aeroporto logo quer embarcar e decolar.

  • Terror por terror

    RIO DE JANEIRO - Antigamente, em cada bairro, em cada rua, havia um sujeito que tinha a fama (ou a glória) de ser lobisomem em noites de lua cheia. Havia sempre um corno em evidência, um bicheiro aposentado, um ex-padre amasiado com a empregada, um candidato a vereador eternamente derrotado. Mas o espécime mais notório era o cara que se transformava em lobo e andava pelas ruas uivando contra as estrelas.

  • Vela para iluminar

    O texto a seguir estava escrito na parede de uma pequena igreja nos Pirineus, na Espanha: “Senhor, que esta vela que acabo de acender seja minha luz e me ilumine em todas as minhas decisões e dificuldades. Que seja fogo para que Tu queimes em mim o egoísmo, o orgulho e as impurezas. Que seja chama para que Tu aqueças meu coração e me ensine a amar profundamente. Eu não posso ficar muito tempo em Tua igreja. Mas, deixando esta vela, um pouco de mim mesmo permanece aqui. Ajuda-me a prolongar minha prece nas atividades de todo este dia. Amém.”

  • Cantar e ser feliz

    Deus escolheu hoje uma velhinha para me mostrar que o mundo pode ser salvo. Ela estava sentada no calçadão da Avenida Atlântica, em Copacabana, com um violão e uma plaquinha que dizia: “Vamos canta juntos”. Começou a tocar sozinha. Logo chegou um bêbado e outra velhinha, que começaram a cantar. Uma pequena multidão cantou, e outro pequeno grupo bateu palmas. “Por que você faz isto?”, perguntei a ela. ‘Eu faço isso para não ficar sozinha”, disse a velhinha. “Minha vida é como a vida de quase todos os velhos, solitária”. Oxalá todos fizessem isso.

  • As defesas americanas

    Na vasta bibliografia sobre a Grande Depressão , que afetou os EUA - e, por via de conseqüência, o mundo -, verificou-se que a potência americana não contava no seu acervo de instrumentos com uma ferramenta vigorosa, capaz de pôr cobro à crise. Hoje, felizmente, os EUA já estão na posse de meios de defesa contra a crise financeira que assistimos, de proporções elevadas e desafiadoras.