
Dilma contra Dilma
A candidata Dilma Rousseff deixou para sua sucessora o maior abacaxi da recente história nacional.
A candidata Dilma Rousseff deixou para sua sucessora o maior abacaxi da recente história nacional.
Dia de eleição é fogo. O lugar comum estabeleceu que o voto é a expressão máxima da democracia, daí que é considerado um dever cívico. A consulta ao povo é mais ou menos como as antigas giletes: têm dois lados.
No jargão dos institutos de pesquisa, os gráficos de pontuação formam o desenho da boca de um jacaré. Quando os índices de um candidato são maiores que os do adversário, o desenho é de uma boca de jacaré se abrindo, e geralmente essa tendência se mantém ao longo da disputa. A boca do jacaré se abrindo é sinal de vitória.
Mesmo que não se confirmem os boatos de que pesquisas não divulgadas mostram resultados muito mais próximos de um empate técnico do que uma vitória folgada da presidente Dilma – hoje saem as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha –, nunca uma eleição brasileira nos últimos tempos teve tanta disputa quanto esta, que entra no fim de semana decisivo sem um vencedor claramente identificado.
As duas pesquisas divulgadas ontem, que colocam pela primeira vez acima da margem de erro a distância entre a presidente Dilma e o candidato do PSDB Aécio Neves, têm resultados parecidos, mas chegam a ele com, medidas completamente distintas, o que pode fazer toda a diferença.
No século XVIII, o relógio tornou-se paradigma de organização do Estado, tomando o lugar de metáforas mais singelas do poder político, como a do pastor ou a do timoneiro. Representava a ideia de uma máquina apta a organizar a vida da comunidade política com as virtudes da regularidade, cabendo ao governante apenas zelar pelo seu contínuo funcionamento.
Mal percebemos, por vezes, o contraponto entre a forca das eleições genuinamente democráticas e o amadurecimento irreversível de uma consciência cívica, como deparamos neste segundo turno eleitoral.
Depois de quatro anos de intensa luta, o Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome, numa sábia e justa decisão da ministra Teresa Campello, renovou o registro de entidade de assistência social requerida pelo Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro, até dezembro de 2015. Pode assim a instituição conceder os seus Certificados de Filantropia, para tanto contando com os efeitos da Portaria n° 208, de 16 de outubro de 2014, assinada pela dra. Denise Ratman Arruda Colin.
O ex-presidente Lula tem tido uma atuação ambígua nessa eleição. De vez em quando desaparece, dando margem a boatos de que estaria doente ou teria brigado com a presidente Dilma. De repente, eis que Lula surge cheio de gás num palanque no interior do Pará ou no Rio, fazendo discursos, mais que exaltados, delirantes, em defesa do PT e da reeleição de Dilma. Do jeito que ataca seus adversários, atirando para tudo quanto é lado, não parece estar muito certo da vitória.
Os confrontos da mídia no segundo turno mostram a exaustão do debate e a ausência de toda carta na manga, de revelações ou trunfos guardados. Mais ainda, o bate-boca se confina a uma temática cansada. Nada se diz sobre a política externa, as reformas política ou tributária, nem sobre a redistribuição de renda nacional. Repete-se, sim, a discussão da paternidade do Bolsa Família, iniciativa que ganha unanimidade eleitoral.
Tudo indica que a margem de erro das pesquisas eleitorais vai perseguir os cidadãos até o dia da eleição, domingo que vem. Nada está definido, a tendência de alta da presidente Dilma ainda tem que ser confirmada por novas pesquisas que serão feitas diariamente até sábado, o último dia possível de publicá-las, (hoje aliás deve estar saindo uma nova do Datafolha), e os candidatos estão lutando por territórios, especialmente dois: Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Não citarei Dilma Rousseff nem Aécio Neves eles que se entendam no próximo domingo (26), quando disputarão a Presidência da República. Vou mesmo de Charles Dickens e Jonathan Swift. O primeiro fundou um clube com o nome de um de seus personagens, o Clube Pickwick, que tinha centenas de sócios.
A virada na eleição presidencial constatada pelo Datafolha na pesquisa divulgada ontem ainda não é definitiva a favor da presidente Dilma, mas sinaliza uma tendência que pode ganhar velocidade até o próximo domingo, dia da eleição. Mesmo essa tendência, porém, precisa ser ainda confirmada, e as próximas pesquisas, quase diárias e de institutos diferentes, marcarão a evolução do eleitorado nesses últimos dias de campanha.
A “baixaria” da campanha eleitoral, que tecnicamente chama-se “propaganda negativa”, tem levado o marqueteiro oficial João Santana a ser comparado com Goebbels, o ministro da propaganda nazista, a quem se atribui a tese de que uma mentira repetida acaba virando verdade. Santana diz que trabalha não com mentiras, mas “com o imaginário da população, com produções simbólicas”.
Não há dúvida: nesta reta final da campanha para a Presidência da República, sobretudo depois dos debates na TV e da cobertura "ad nauseam" das mídias impressas e eletrônicas, a eleição do próximo domingo finalmente ganhou, não digo o entusiasmo, mas, sim, a atenção dos eleitores.