
Como reverter o desencanto?
Não será recorrendo ao evangelho ou ao ‘Fora Temer’ que Crivella e Freixo resolverão nossas mazelas.
Não será recorrendo ao evangelho ou ao ‘Fora Temer’ que Crivella e Freixo resolverão nossas mazelas.
Há um quantum de utopia que se perdeu momentaneamente num tempo órfão de altitudes, com as entranhas expostas e atacadas por aves de rapina. Há algo de podre no reino da Dinamarca.
Houve dois recados principais nas urnas das eleições municipais: o não-voto (nulos, brancos e abstenções) foi maior em muitos casos que a votação do primeiro colocado, e até mesmo dos dois primeiros no caso de Rio de Janeiro e Belo Horizonte; e ficou claramente demonstrado que a tese do golpe, embora muito popular em certos meios intelectuais, e em diversos países, não foi comprada pelo eleitor brasileiro.
O que seria uma vitória parcial capaz de amenizar os reveses nacionais do partido acabou se transformando em uma derrota acachapante. Pela primeira vez nas disputas para a Prefeitura de São Paulo, um prefeito foi eleito no primeiro turno, e não foi do PT, e nem mesmo um político tradicional.
Mesmo com uma inesperada recuperação de Haddad nos instantes finais da campanha, detectada pelo Datafolha mas não pelo Ibope, nada indica que o PT venha a recuperar-se. O mais provável é que tenha o pior desempenho desde 1996, elegendo menos prefeitos em centros relevantes do que naquela ocasião.
O cronista maior do humor desta República acaba de completar 80 anos. Conheci Luís Fernando em Porto Alegre, quando lá morava e jovem.
Um bom professor tem condições de sugerir caminhos e ideias que julga mais recomendáveis, sem desrespeitar outras opções.
O voto útil é a superação do sonho pela realidade. Nessas eleições municipais, que não empolgaram os eleitores nas principais cidades do país, estamos diante de quase 30% de cidadãos em cidades como Rio e São Paulo dispostos a votar em branco ou anular o voto, e outros tantos tão indecisos que podem mudar o voto na última hora.
O assassinato do prefeito Celso Daniel, em Santo André (SP), é um assunto recorrente até hoje. O PT recém-fundado abriu uma perspectiva de moralidade pública. Muita água rolou e não se sabe o que realmente aconteceu com os pioneiros do Partido dos Trabalhadores. Todas as suspeitas levavam para o roubo do dinheiro público promovido pelas autoridades locais.
Sem pretender questionar a importância da 32ª Bienal de São Paulo como acontecimento cultural, permito-me tecer aqui algumas considerações que a sua realização me suscita.
Pode-se alegar que segurança é atribuição do estado, mas numa situação como a atual, ninguém, muito menos o prefeito, pode dizer: ‘Não tenho nada a ver com isso’.
Em recente palestra nos Estados Unidos, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, falando sobre o papel das Cortes Constitucionais no mundo moderno, fez uma definição que explica bem o momento que vivemos: “Uma característica dos tempos atuais pelo mundo afora é a judicialização da vida”.
Se tudo acontecer como as pesquisas eleitorais indicam, as eleições municipais já têm um perdedor indiscutível, o PT, um vencedor provável, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, e um derrotado indireto, o governo Temer, que inventou Marta ex-Suplicy como candidata alternativa em São Paulo.
Com a decisão unânime da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar as denúncias contra a senadora Gleisi Hoffman e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, tornando-os réus na Operação Lava Jato, fica mais explícito ainda o esquema de corrupção montado pelos governos petistas.
Vendo o debate dos dois principais pretendentes à Casa Branca, fiquei me perguntando como explicar a popularidade de um tipo capaz de atropelar os fatos.