Há dias [25/7], escrevi sobre o drone que entrou de madrugada pela janela de um apartamento de 6º andar aqui no Rio, com fins não sabidos. Ao ser flagrado pelo casal residente, que, alertado pelo zumbido, foi até a sala e acendeu a luz, o drone se assustou e fugiu pela mesma janela. Falei do risco de termos drones à solta por aí, usando seus poderes com más intenções. Em contrapartida, um leitor, Gerson Marciel de Oliveira, sugeriu que, bem programados, eles poderiam exercer funções regulares —uma delas, a de substituir nossos atrapalhados juízes de futebol.
Concordo e vou adiante. Com sua possibilidade de sobrevoar o gramado a qualquer altura ou velocidade, um drone seria capaz de apitar um jogo muito melhor do que qualquer humano. Primeiro, porque os juízes precisam estar em forma para aguentar os 12 km que percorrem em média pelos 90 minutos, fora os acréscimos. São cerca de 133 m por minuto a serem corridos continuamente, e, pior ainda, apitando. Se as distâncias já não são pequenas, o ato de apitar —nunca menos de 100 vezes por partida—representa um considerável despejo de oxigênio. O drone pode apitar quantas vezes for necessário e sem o menor esforço.
O drone aposentaria automaticamente o VAR e os bandeirinhas, porque, voando paralelo à bola, acusaria o mais milimétrico dos impedimentos, as bolas dentro ou fora da linha e as faltas no limite da área a configurar ou não pênalti. Programado para avaliar a intensidade dos jogadores, nenhuma entrada mais violenta ou desleal lhe escaparia e, a depender do caso, ele acenderia uma luz vermelha ou amarela correspondente ao cartão idem.
Além disso, com sua capacidade para escutar qualquer palavra pronunciada em qualquer lugar do campo, saberia qual jogador que, ao discordar de uma decisão sua, mandou-o tomar naquele lugar. O drone preferiria tomar providências, mandando o desbocado para o chuveiro.
Um único risco: o drone, planando em altura errada num escanteio, ser cabeceado por engano em vez da bola.