O vagalhão de surpresas pré-eleitorais americanas é de um ativo histórico inaudito da democracia. O interesse de sair de casa para os “cáucus” renova a confiança ancestral nas instituições e na quebra, pelo voto, da inércia dos situacionismos políticos. É a primeira vez, em mais de século, que a ida às urnas será de mais de metade do eleitorado. E esses 10 ou 15% do novo afluxo não obedecerão às opções prévias e sabidas de um bipartidismo tradicional da vida política americana. O oportunismo de um Ralph Nader, por exemplo, a esta altura, é o de pescador em águas turvas da surpresa, como um candidato independente. E em vão diante destas condições absolutamente impensáveis, ainda a um trimestre da chegada de Obama à Presidência da República. Mal começa o país a experimentar a violência emocional desta “terça crucial”, capaz de chegar à tragédia que volta a rondar o inconsciente coletivo dos Estados Unidos.